Em plena fase de queda do Diesel, a Mazda atreve-se a introduzir um motor deste tipo equipado com tecnologia micro-híbrida para reduzir consumos e emissões. Uma aposta arrojada que serve, não só, o SUV médio CX-60 como o ainda maior CX-80, aqui protagonista, versão mais comprida do primeiro dotado das suas várias excelências e capaz de transportar até sete passageiros.
Desde algum tempo que a Mazda tem vindo a infiltrar-se no segmento premium, numa estratégia sem retorno. Nunca foram carros, por assim dizer, baratos, de baixa qualidade, mas agora, mais do que nunca, o cliente tem a perceção de que têm acabamentos e soluções técnicas apontadas ao topo dos respetivos segmentos. Para muitas pessoas, sentar-se ao volante de um 3, de um CX-30 ou de um CX-5, para citar apenas três Mazda, não é o mesmo que estar ao volante de um generalista.
Aqui centramo-nos na mais recente criação da marca japonesa, o topo de gama CX-80. Um claro concorrente dos Hyundai Santa Fe e Kia Sorento, mas também uma alternativa a modelos como os Audi Q7 e BMW X5, um par de estatuto elevado.
A capacidade deste Mazda para conseguir tocar vários mundos deve-se a uma série de fatores. Um deles é o seu enorme tamanho: quase cinco metros de comprimento e mais de três metros de distância entre eixos. Outro é o facto de este “volume” dar lugar a um habitáculo que pode acomodar até sete passageiros, ou seis numa configuração opcional ainda mais “premium, com apenas dois lugares (independentes, claro) na fila do meio.
Desde logo, e como já conhecíamos do CX-60, que não deixa de ser o mesmo carro, mas mais curto (4,75 metros), com cinco lugares, o construtor nipónico recorreu ao seu melhor em matéria de interiores, com muitos elementos ao nível da própria Lexus, sem exagero. Estofos em pele, tablier e outros elementos totalmente acolchoados e forrados, ergonomia bem pensada que se estende até aos puxadores das portas…
Além disso, e apesar de contar com a já obrigatória componente digital na instrumentação e no sistema multimédia, como não poderia ser de outra forma, resulta um tanto analógico para os padrões atuais, porém analógico no melhor sentido da palavra, porque é intuitivo e fácil de utilizar em qualquer momento: tudo está posicionado de forma lógica e as definições, os botões, os bancos… garantem um toque requintado, filtrado e acolhedor.
Ao mesmo tempo, a habitabilidade é notável, por muito que nestes veículos, e o CX-80 não é exceção, o acesso e, sobretudo, a saída da terceira fila não sejam o seu ponto forte. Contudo, monta portas traseiras enormes, com mais de um metro de comprimento, o que se agradece para estes fins (não tanto quando se estaciona em lugares mais estreitos).
Surpreende
A Mazda comercializa o CX-80 numa versão híbrida plug-in (328 CV) e com o “nosso” protagonista, um surpreendente turbodiesel de seis cilindros em linha e 3.3 litros com 252 CV e 550 Nm de binário, nada mau para um carro que pesa perto de duas toneladas.
Parece um cocktail desafiante nos dias de hoje (diesel!!!), quando a verdade é que motores como este combinam como poucos nos SUV, especialmente nos SUV grandes. Trata-se de um propulsor longitudinal (repare-se no “compridíssimo” capô dianteiro) que centraliza na medida certa a distribuição do peso neste tração integral AWD, acoplado a uma diligente caixa automática de oito velocidades. Tem uma virtude que para alguns será um defeito: soa bem, como um motor “grande”, mas na verdade soa sobretudo em aceleração, um aspeto que nem sempre será apreciado num conjunto que é, sem dúvida, sumptuoso.
Quanto a prestações, são corretas, sem mais. Não é de todo lento, porém não foi feito para “corridas”, mesmo que a generosa capacidade mecânica faça lembrar outros tempos gloriosos. Na prática, falamos de uma aceleração dos 0 aos 100 km/h em 8 segundos e de uma velocidade máxima de perto de 220 km/h, que se traduz na capacidade de manter ritmos de cruzeiro elevados, mas não tanto em termos de recuperações, mais moderadas nas ultrapassagens ou incursões em estradas a alta velocidade.
E o consumo? Homologados anuncia uns muito otimistas 5,8 l/100 km, mas na realidade não conseguimos baixar dos 7. A boa notícia é que esses 7 litros dão para tudo, mesmo quando se anda razoavelmente depressa. E como o CX-80 tem um superdepósito de 74 litros, percorrer cerca de 900 km entre reabastecimentos faz sorrir até o condutor mais exigente.
Topo de gama
Por fim, o preço está longe de ser baixo, contudo tem algumas atenuantes. Sobretudo se valorizarmos a vasta lista de equipamento que não deixa nada de fora neste acabamento Homura Plus. Desde estofos em pele ao tejadilho panorâmico, jantes de 20”, câmaras de 360°, controlo ativo da velocidade, um sistema multimédia com ecrã de 12,3”, com um grafismo pouco atrativo, mas apoiado por um interessante comando HMI circular para o gerir a partir da consola, climatização de três zonas, porta traseira elétrica…
Por outras palavras, a “cereja no topo do bolo” de um automóvel que é confortável (passa por cima de lombas e buracos sem vacilar), equilibrado, com grande estabilidade direcional, que trava bem, com potência e resistência, e que, para o seu tamanho (lembre-se, cinco metros de comprimento em números redondos), manobra com considerável destreza: 11,6 metros de diâmetro de viragem entre passeios.
Texto E. Cano
Fotos Paulo Calisto
Conclusão
Exclusivo, bem construído e com excelente presença, o CX-80 tem no Diesel de 252 CV um grande aliado. Qualidade, equipamento e facilidade de condução completam um produto muito interessante que se assume como uma verdadeira alternativa aos denominados tradicionais premium.
Ficha Técnica
Mazda CX-80 3.3 E-Skyactiv D 8AT Homura Plus
TIPO DE MOTOR Diesel, 6 cilindros em linha, turbo
CILINDRADA 3.283 cm3
POTÊNCIA 254 CV às 3.750 rpm
BINÁRIO MÁXIMO 550 Nm entre as 1.500 e as 2.400 rpm
TRANSMISSÃO Integral, caixa auto. 8 vel. (dupla embraiagem)
- MÁXIMA 219 Km/h
ACELERAÇÃO 8,4 s (0 a 100 km/h)
CONSUMO (WLTP) 5,8 l/100 km (misto)
EMISSÕES CO2 151 g/km (misto)
DIMENSÕES (C/L/A) 4.995 / 1.890 / 1.705 mm
PNEUS 235/50 R20
PESO 1.971 kg
BAGAGEIRA 258-566 -1.971 l
PREÇO 90.561 €
GAMA DESDE 64.104 €
I.CIRCULAÇÃO (IUC) 682,34 €
LANÇAMENTO Novembro de 2024
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