Os motores a gasolina com hibridização ligeira tomaram conta do segmento dos SUV urbanos, onde o Puma oferece desde há algum tempo uma motorização com essa tecnologia. A esta tendência, e às suas vantagens, juntou-se mais recentemente o elegante 600, baseado na mecânica Hybrid que a Stellantis está a disponibilizar em muitas das suas marcas.
Tendo em conta as normas de emissões poluentes, que preveem restrições e multas para os construtores que ultrapassem determinados níveis de CO2, uma das soluções passa por equipar os motores a gasolina com a tecnologia mild-hybrid, sistemas que reduzem o consumo e as emissões. Por exemplo, no segmento dos SUV urbanos, que representa uma grande parte das vendas, o volume total de poupanças é significativo.
Por esta razão, a Ford aposta há algum tempo no seu EcoBoost mHEV, que é a chave do Puma, ainda que muito em breve vá passar a contar uma inédita versão eléctrica E-Gen. Na Fiat a situação é diferente, porque a estreia de uma interessante versão Hybrid serve como complemento ao elétrico inicialmente proposto no catálogo. Acontece o inverso nos dois casos.
Centrando-nos especificamente neste motor, o “mild-hybrid” do 600 estabelece dois níveis de potência: 100, aqui comparado, e 136 CV. A sua potência não é propriamente impressionante, mas este propulsor tricilíndrico de 1.2 litros com turbo move sem problemas o SUV italiano. Não se tem a sensação de acelerar e ficar aquém do esperado, pelo menos não nos ambientes urbanos onde o carro deverá ser mais utilizado.
Quase full hybrid
Neste contexto, a sua tecnologia de microhibridização está um passo à frente da oferecida pelo Puma e por muitos dos seus concorrentes. A Stellantis implementa um sistema de 48V composto por uma pequena mecânica elétrica adicional e uma bateria de 0,43 kWh que apoia o motor a gasolina na aceleração e facilita um arranque e paragem automáticos mais rápidos (não sem uma clara vibração no arranque). O melhor desta tecnologia é que, em algumas situações, funciona quase como um híbrido completo, já que se consegue manobrar e circular com pouca carga de acelerador como num carro elétrico (motor de combustão desligado) em intervalos inferiores a um quilómetro.
Tal não é possível no Ford Puma, dotado de uma hibridização de 48V mais convencional. Há ajuda elétrica (menor, de 16 CV contra os 29 do italiano), mas não para rolar de forma elétrica. Ainda assim, revela-se mais enérgico e os 25 CV a mais de potência são percetíveis. A marca americana comercializa este mesmo bloco de três cilindros e apenas um litro com potências até 160 CV na versão ST, embora esta de 125 já tenha um bom desempenho. É também um pouco mais áspero e ruidoso em aceleração que o 1.2 da Fiat.
Dupla embraiagem
Os dois surgem equipados com transmissões automáticas de dupla embraiagem, com passagens mais ou menos rápidas. O Puma, com uma alavanca tradicional e utilização mais intuitiva, apesar da ausência de patilhas no volante para o manuseamento manual- sequencial. O 600 recorre a um sistema através de botões na consola mais incómodo: a mudança engrena sem demora, mas quando se quer manobrar obriga a procurar o painel de botões.
Em ambos nota-se uma certa retenção mecânica quando o sistema de travagem regenerativa é utilizado para carregar a bateria, ao libertar o pedal do acelerador. Este detalhe é mais acentuado no Fiat que, por vez, surpreende com uma desaceleração menos progressiva, algo que também não é muito efetivo no Ford. Em termos de consumos, o balanço é favorável ao representante italiano: meio litro a menos para um consumo combinado real de 6,5 l/100 km.
Ao mesmo tempo, há diferenças “palpáveis” na forma como se movem: o Puma proporciona um “feeling” de condução mais envolvente graças a uma configuração mais desportiva, das melhores da sua classe. A direção é mais direta e o carro é bastante ágil nas passagens em apoio.
Por seu lado, o 600 oferece uma condução fácil, sem reações nervosas; é suave para circular sem preocupações. A sua direção é mais confortável de manobrar, mas não tem a precisão do rival.
No segmento, os dois modelos surgem ao mesmo nível em termos de espaço. Em todo o caso, o modelo da marca da oval azul garante mais alguns centímetros em quase todas as cotas e ganha em termos de bagageira: supera os já de si bons 385 litros do 600 para se posicionar como um dos lideres da categoria, com 456 litros graças a um engenhoso espaço de arrumação debaixo do piso que conta com um tampão para escoamento de água.
Além disso, o Puma beneficiou com a sua última atualização, sobretudo no interior, que recebeu um painel multimédia mais generoso. Uma aposta, aliás, que resulta em tamanho, mas tanto em funcionalidade, pois dispensa muitos botões e integra quase tudo no ecrã.
O mesmo não acontece no 600, estruturado com zonas de comando mais diferenciadas (climatização fora do ecrã) e espaços para guardar objetos, caso da consola, mais amplos. Os acabamentos de ambos são corretos: predominam os materiais duros, embora bem-apresentados.
E o preço?
Nesta batalha dos pontos, o modelo italiano sai na frente em dois aspetos importantes. Um, o preço, cerca de 2.700 € mais barato nos níveis de equipamento analisados, que no Fiat é o mais elevado possível e no Ford o segundo mais bem equipado.
Ao primeiro não falta nada e inclui de série banco com massagem para o condutor, assistente de engarrafamento, monitorização do ângulo morto… No americano, por outro lado, é preciso pagar pelo pacote que integra os ADAS mais avançados, entre outros equipamentos adicionais.
Texto Juan P. Esteban
Fotos Paulo Calisto
CONCLUSÃO
Não há um vencedor claro, mas há áreas em que cada um se destaca. O Puma na dinâmica, um dos melhores, e no desempenho. Enquanto isso, o 600 é algo mais económico, está mais bem equipado por um preço inferior e tira maior parido do seu sistema híbrido ligeiro para proporcionar, em determinadas ocasiões, movimento elétrico puro.
FICHA TÉCNICA
FIAT 600 HYBRID 100 CV DCT LA PRIMA
TIPO DE MOTOR Gasolina, 3 cilindros em linha, turbo
CILINDRADA 1.199 cm³
POTÊNCIA 100 CV às 5.500 rpm
BINÁRIO MÁXIMO 205 Nm às 1.750 rpm
TRANSMISSÃO Dianteira, caixa auto. 6 vel. (dupla embraiagem)
SISTEMA ELÉTRICO
TIPO DE MOTOR Elétrico, síncrono de ímanes permanentes, dianteiro
POTÊNCIA 29 CV (21 kW)
BINÁRIO 55 Nm
BATERIA Iões de lítio, 0,89 kWh
SISTEMA HÍBRIDO
TIPO DE MOTOR Gasolina-Elétrico
POTÊNCIA (TOTAL) 100 CV
BINÁRIO (TOTAL) 205 Nm
VELOCIDADE MÁXIMA 184 km/h
ACELERAÇÃO 10,5 s (0 a 100 km/h)
CONSUMO (WLTP) 4,8 l/100 km (misto)
EMISSÕES CO2 (WLTP) 109 g/km (misto)
DIMENSÕES (C/L/A) 4.178 / 1.779 / 1.525 mm
PNEUS 215/55 R18
PESO 1.280 kg
BAGAGEIRA 385-1.256 l
PREÇO 29.118 €
GAMA DESDE 24.038 €
I.CIRCULAÇÃO (IUC) 111,46 €
LANÇAMENTO Setembro de 2024
FICHA TÉCNICA
FORD PUMA ST-LINE X 1.0 ECOBOOST MHEV 125 CV
TIPO DE MOTOR Gasolina, 3 cilindros em linha, turbo
CILINDRADA 999 cm³
POTÊNCIA 125 CV às 6.000 rpm
BINÁRIO MÁXIMO 210 Nm às 1.750 rpm
TRANSMISSÃO Dianteira, caixa auto. 7 vel. (dupla embraiagem)
SISTEMA ELÉTRICO
TIPO DE MOTOR Elétrico, síncrono de ímanes permanentes, dianteiro
POTÊNCIA 16 CV (11,5 kW)
BINÁRIO 50 Nm
BATERIA Iões de lítio, 0,38 kWh
SISTEMA HÍBRIDO
TIPO DE MOTOR Gasolina-Elétrico
POTÊNCIA (TOTAL) 125 CV (92 kW)
BINÁRIO (TOTAL) 210 Nm
VELOCIDADE MÁXIMA 191 km/h
ACELERAÇÃO 9,6 s (0 a 100 km/h)
CONSUMO (WLTP) 5,8 l/100 km (misto)
EMISSÕES CO2 (WLTP) 130 g/km (misto)
DIMENSÕES (C/L/A) 4.186 / 1.930 / 1.550 mm
PNEUS 215/50 R18
PESO 1.368 kg
BAGAGEIRA 456-1.216 l
PREÇO 32.354 €
GAMA DESDE 28.720 €
I.CIRCULAÇÃO (IUC) 111,46 €
LANÇAMENTO Fevereiro de 2024
