A exclusiva marca sueca lança no mercado um carro difícil de classificar, o 4, um crossover que se coloca entre o mundo dos SUV, das berlinas e até dos coupés. Totalmente elétrico, promete uma elevada eficiência e uma tecnologia ao nível dos melhores. Será que chega para vingar?
A Polestar é uma marca ainda recente e especial que procura espaço entre as referências tipo Audi, BMW, Mercedes-Benz e inclusive Porsche – sim, Porsche. Fazia parte da Volvo como divisão desportiva antes de assumir a sua própria identidade e se tornar independente. Ambas são propriedade do gigante chinês Geely, tal como a renascida smart ou a Zeekr, que não deverá chegar assim tão breve a Portugal. Mas isso não importa: há Polestar produzidos na China, também nos Estados Unidos e, como as coisas estão (tarifas…), em breve na Europa, veremos onde.
Sinergias com outras marcas do grupo? Sobretudo com a Volvo em termos de mecânicas. Tanto que em Portugal, o pós-venda (manutenção…) é feito pela Volvo, uma garantia de assistência e qualidade. A partir daí, a engenharia, o design e outras soluções são quase únicas, desenvolvidas na Suécia.
Toda a sua gama é 100% elétrica. Até há pouco tempo contava apenas com o 2, uma berlina “semi-compacta” e “semi-crossover” com boa qualidade… e escassa penetração comercial. Agora acrescentou, quase ao mesmo tempo, o SUV topo de gama 3, de trejeitos desportivos, e o crossover 4, este que tem à sua frente.
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Sem vidro traseiro
Em relação a este último, é um carro marcante pelo desenho, muito apelativo. É grande, sobretudo largo, e, atenção, com um portão traseiro que não tem vidro! A visão desse ângulo a partir do lugar do condutor é proporcionada por sofisticadas câmaras montadas no tejadilho que projetam a imagem no retrovisor interior, claro, digital. Não é a solução ideal, mas é a única que dispõe. Por outro lado, a bagageira é excelente porque é utilizada de cima para baixo, com um pequeno tabuleiro que pode ser vertical para a isolar do compartimento dos passageiros.
O 4 não tem molduras nas portas: a ideia é fazer com que se pareça com um coupé. No interior é super minimalista, construído com muito material reciclado e um padrão de qualidade e de pormenor indiscutivelmente premium.
Bem insonorizado e preciso em cada ajuste, cómodo, sofisticado em todos os aspetos, espaçoso (atrás, as pernas ficam um pouco elevadas, pois a bateria está debaixo do piso, mas dois adultos viajam sem problemas) e, aos comandos, ergonómico. E, como é tendência, tudo passa pelo grande ecrã central: desde a regulação dos retrovisores até ao volante, elétricos e apoiados pelos comandos do volante (que podia ter pontos de iluminação), o sistema multimédia… Este recorre a serviços Google e aceita aplicações nativas. É preciso apanhar-lhe o jeito para navegar com rapidez, mas funciona bem.
Torrente de energia
O 4 propõe uma variante de tração traseira Long Range Single Motor (um único motor), que homologa uma autonomia de 620 km, e este topo de gama Long Range com dois motores e tração integral, que baixa a autonomia para 590 km, mas aumenta a potência para 544 CV (272 CV no primeiro).
Ainda do seu elevado peso, mais de duas toneladas em ordem de marcha, consegue prestações surpreendentes: 3,8 segundos de 0-100 km/h é um valor muito interessante. É verdade que não é um desportivo, porém é um carro rápido em percursos abertos como a autoestrada, onde pode “navegar” a velocidades elevadas com uma facilidade espantosa. E trava bem, embora, tal como nos seus rivais seja preciso alguma habituação à sua poderosa massa antes de se começar a entusiasmar.
E o consumo de energia? A bom ritmo, acima dos 21 kWh/100 km, mais devagar e com cuidados com o pedal da direita, abaixo dos 17 kWh/100 km.
Texto Eduardo Cano
Fotos Paulo Calisto
CONCLUSÃO
Além da sua peculiar imagem, o Polestar 4 demonstra que a tecnologia elétrica está a avançar. A autonomia é interessante, tendo em conta o seu peso e tamanho. O maior inconveniente? O seu minimalismo extremo dilui a ergonomia.
FICHA TÉCNICA
POLESTAR 4 LONG RANGE DUAL MOTOR
TIPO DE MOTOR Elétricos, síncronos de ímanes permanentes
POTÊNCIA 544 CV (400 kW)
BINÁRIO MÁXIMO 686 Nm
TRANSMISSÃO Integral, caixa de relação única
BATERIA Níquel-manganês-cobalto, 100 kWh (94 kWh úteis)
AUTONOMIA (WLTP) 590 km
TEMPO DE CARGA 11h a 11 kW CA (0-100%)
30 min. a 200 kW CC (10%-80%)
V.MÁXIMA 200 km/h
ACELERAÇÃO 3,8 s (0 a 100 km/h)
CONSUMO (WLTP) 18,7-21,7 kWh/100 km (misto)
EMISSÕES CO2 (WLTP) 0 g/km
DIMENSÕES (C/L/A) 4.840 / 2.008 / 1.534 mm
PNEUS 255/50 R20
PESO 2.355 kg
BAGAGEIRA 526-1.536 l (+ 15 l à frente)
PREÇO 73.700 €
GAMA DESDE 66.700 €
I.CIRCULAÇÃO (IUC) 0
LANÇAMENTO Setembro de 2024