A BMW renovou o X3 para reafirmar a hélice como referência incontornável no segmento dos SUV médios premium. Testámos a versão turbodiesel mais acessível – um 2.0 litros de 197 CV, aliado a caixa automática de 8 velocidades e tração integral. Uma combinação promissora, sobretudo dispondo-se de chassis ‘à medida’!
O X3 mantém-se uma aposta segura no universo SUV premium, provando que a chegada do elétrico iX3 não significa o fim do modelo a combustão. Pelo contrário: a gama 2025 recebeu atualizações que respeitam o ADN clássico do modelo, mas com toques modernos. As proporções fundamentais permanecem, arquitetura e distância entre eixos, porém o design foi refinado com inspiração no mais recente X1. Com isso, as dimensões evoluíram de forma calculada: +34 mm em comprimento, +29 mm em largura e -25 mm em altura. Uma fórmula que confere um visual mais esguio e atlético, sem comprometer o espaço interior.
Os para-choques traseiros alargados e as linhas fluidas que percorrem a carroçaria acentuam o carácter desportivo, enquanto a silhueta – agora mais baixa e larga – transmite uma presença impositiva. O resultado é um SUV que, mesmo mais compacto em altura, impõe respeito sem esforço.
Na frente, a grande novidade é a grelha de rins (iluminada em opção), seguindo o estilo visto no XM, mas com um padrão controverso: barras verticais e diagonais, um afastamento do tradicional BMW. Os faróis LED (ou matrix LED opcionais) e as novas jantes (19 a 21“) completam um visual mais agressivo, sem perder a elegância característica da marca.
Diesel ainda mexe
Enquanto o iX3 representa o futuro elétrico, o X3 xDrive20d mantém-se como a escolha racional para quem faz muitos quilómetros. O motor 2.0 turbodiesel de 197 CV atinge neste SUV um nível de suavidade impressionante. Tão silencioso que, por vezes, duvidamos se está mesmo ligado – mérito do vidro acústico (incluído no pacote Conforto). Só acima das 2.000 rpm se nota o seu funcionamento, e ainda assim de forma abafada.
Os 400 Nm de binário chegam através de uma caixa automática de 8 velocidades, ideal para viagens descontraídas em autoestrada. No entanto, nas mudanças mais altas, a resposta fica preguiçosa, exigindo reduções para ultrapassagens decisivas (as patilhas no volante permitem utilização manual-sequencial das relações, envolvendo-nos mais na ação). A recompensa? Um consumo a rondar os 6 l/100 km em velocidade constante – prova de que os Diesel ainda têm argumentos sólidos, sobretudo beneficiando do sistema de hibridação ligeira de 48V, que permite baixar emissões e o gasto de combustível.
Aqui para as curvas
Independentemente do estilo de condução, o novo X3 comporta-se bem por contar com base competente, uma versão revista e atualizada da plataforma CLAR da geração anterior. A BMW afirma ter revisto também o chassis para melhorar o equilíbrio entre conforto e agilidade, com barras estabilizadoras novas e vias mais largas (+16 mm à frente, +43 mm atrás). Na prática, porém, a diferença face ao modelo anterior é mínima.
De igual modo, a suspensão foi recalibrada, com molas e amortecedores ajustados para maior precisão. Aqui, e no caso da “nossa” unidade, apresentava-se equipada com o sistema de amortecimento variável. O programa regula a atuação em função da condução e da estrada, mas o condutor tem a possibilidade de aumentar ou diminuir a firmeza a partir de um comando específico. Mesmo assim, o X3 continua a privilegiar o conforto, absorvendo muito bem as irregularidades do piso. A direção, agora com assistência elétrica melhorada, ganhou um feedback mais natural, mas não é uma revolução.
Quanto ao interior, também sem surpresa, segue a fórmula BMW atual: ecrãs curvos (10,25″ + 14,9″) com o iDrive 9.0, baseado no BMW Operating System 9. O sistema é completo, mas a interface ainda exige algum tempo de adaptação. A boa notícia? Tem Android Auto e Apple CarPlay sem fios, além de 5G integrado para atualizações em tempo real. A tecnologia BMW Digital Key Plus (opcional) de partilha de chave digital também é um dos elementos de destaque do novo X3. De resto, qualidade e sofisticação em alta, principalmente dispondo-se de orçamento para a compra de opcionais.
O espaço para passageiros é generoso, com 73 cm para as pernas nos lugares traseiros – mais do que o Audi Q5 e o Mercedes GLC, enquanto a bagageira anuncia 570 litros, com os préstimos do portão elétrico de série e bancos rebatíveis na proporção 40:20:40.
Texto Vítor Mendes
Fotos Paulo Calisto
CONCLUSÃO
Racional, mas pouco surpreendente. O X3 eleva a fasquia da qualidade, sem revolucionar, afirmando-se como um SUV eficiente e confortável, ideal para famílias que valorizam consumos baixos e um interior espaçoso. O Diesel com 197 CV chega e sobra para as encomendas e surpreende em matéria de refinamento. No entanto, as melhorias no chassis e na direção são tão subtis que dificilmente justificam a troca por quem já tem a geração anterior.
FICHA TÉCNICA
BMW X3 XDRIVE20D
TIPO DE MOTOR Diesel, 4 cilindros em linha, turbo
CILINDRADA 1.995 cm³
POTÊNCIA 197 CV às 4.000 rpm
BINÁRIO MÁXIMO 400 Nm entre as 1.500 e as 2.750 rpm
TRANSMISSÃO Integral, caixa automática de 8 velocidades
SISTEMA ELÉTRICO
POTÊNCIA 11 CV (8kW)
BINÁRIO 25 Nm
BATERIA Iões de lítio, 0,96 kWh
V.MÁXIMA 215 km/h (limitada)
ACELERAÇÃO 7,7 s (0 a 100 km/h)
CONSUMO (WLTP) 5,8 l/100 km (misto)
EMISSÕES (WLTP) 154 g/km (misto)
DIMENSÕES (C/L/A) 4.755 / 1.920 / 1.660 mm
PNEUS 225/60 R18
PESO 1.965 kg
BAGAGEIRA 570-1.700 l
PREÇO 74.750 €
GAMA DESDE 72.950 €
I.CIRCULAÇÃO (IUC) 278,85 €
LANÇAMENTO Julho de 2024
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