A China é uma autêntica fábrica de carros elétricos. Basta olhar para a BYD ou para a Geely. A que não é alheio o facto de dominarem de forma esmagadora um dos setores mais estratégicos da indústria automóvel, o das baterias para elétricos.
Só a CATL e a BYD concentram mais de 50% da produção mundial, um número difícil de ultrapassar por qualquer outra potência mundial: a CATL concentra entre 34 a 38% do mercado global de bateria para elétricos, e a BYD fica-se pelos 18%.
Em conjunto, representam mais de metade de todoas as baterias instaladas em carros elétricos, híbridos plug-in, carrinhas e autocarros elétricos.
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Já lá vão mais de dez anos que a China apostou forte no setor das baterias elétricas com o facto de controlar as matérias-primas, uma capacidade produtiva sem rival, preços competentes e competitivos, investimento em investigação e desenvolvimento e por fim uma rede de fornecedores que facilita a logísticas em grande escala.
A CATL, líder do setor, investiu milhões na expansão da sua capacidade de produção e no desenvolvimento de novas tecnologias. Recentemente, anunciou a produção de baterias com densidade energética suficiente para oferecer autonomias teóricas de mais de 1000 km. Também está a trabalhar em sistemas de baterias de sódio-ião, que prometem um custo mais baixo, maior tolerância a temperaturas extremas e menor dependência do lítio. Além disso, assinou acordos com os principais fabricantes internacionais — incluindo Tesla, BMW e Mercedes —, o que lhe permite garantir um fluxo constante de encomendas a longo prazo.
A BYD, por sua vez, seguiu uma estratégia um pouco diferente, mas igualmente eficaz. Além de fabricar baterias, produz os seus próprios veículos elétricos, o que lhe permite controlar toda a cadeia de valor, desde as matérias-primas até à venda final. A sua tecnologia Blade Battery, baseada em células LFP (lítio-ferrofosfato), provou ser mais segura contra incêndios e mais duradoura, embora com menor densidade energética do que as baterias NMC (níquel, manganês, cobalto).
A concentração de poder nestas duas empresas tem implicações geoestratégicas evidentes. O domínio chinês não se limita à produção: também abrange o tratamento de materiais como lítio, níquel, cobalto ou grafite, essenciais para a produção de baterias. Em alguns destes processos, a China concentra até 90% do fornecimento mundial. Esta situação gera uma forte dependência tecnológica para a Europa e os Estados Unidos, especialmente num contexto de tensões comerciais e restrições cruzadas à exportação de componentes sensíveis.
Atualmente, com algumas exceções como a Northvolt na Suécia ou as fábricas da LG e da Samsung na Europa Oriental, a maioria das fábricas em funcionamento ou em construção ainda está longe de atingir a escala dos seus concorrentes chineses.