São os carros mais pequenos, simples e económicos, veículos que agora, perante a mobilidade em constante mudança, abraçaram a eletrificação plena para continuarem a prestar um serviço, em ambiente urbano, que poucos conseguem.
Historicamente o segmento A, o dos citadinos, tem vindo a ser catalogado de “pau para toda a obra”. São primeira opção para condutores recém-encartados ou então fazem de segundo carro lá de casa no âmbito familiar, ou até como alternativa para condutores veteranos que precisem de algo mais barato e simples de conduzir só para ir do ponto A ao ponto B. O denominador comum tem sido o preço, com valores mais económicos que os dos utilitários tradicionais, ainda que com autonomias substancialmente inferiores.
Lógica elétrica
Atualmente, são meia dúzia os modelos que alimentam este segmento e que trazemos a estas páginas, sendo que alguns já são totalmente elétricos.
Na realidade, estas motorizações fazem todo o sentido, pois a cidade é de longe o ambiente onde se melhor tira partido deles: é preciso travar, fazer retenção (aliviar o acelerador quando rolamos por inércia ou até quando vamos parar), até porque modelos como estes conseguem recuperar muita energia para a bateria, o que lhes permite ganhar autonomia de forma considerável. E isso para não esquecer que é na cidade que existem mais pontos de carregamento, logo é possível carrega-los com maior facilidade. Como em tudo, continuam a existir propostas mecânicas mais acessíveis, a gasolina, por exemplo, se bem que nos últimos tempos tem chegado novos “players” parcialmente eletrificados dotados de hibridação ligeira.
KIA PICANTO
Em meados do ano passado, a Kia renovou em profundidade a terceira geração do seu modelo mais pequeno. Mantém as dimensões compactas, com um comprimento de 3,6 m, mas um habitáculo amplo, acrescentando 255 litros de espaço na bagageira, suficiente. Traz elementos como as jantes em liga leve de 16”, o nível de equipamento GT Line (à direita) que é o mais dinâmico. No interior traz de série em todos os acabamentos, painel de instrumentos digital e ecrã central multimédia de 8” com navegação e sincronização CarPlay/Android Auto. Este restyling oferece uma lista de equipamento melhorada com, entre outros, câmara traseira, ar condicionado monozona e um amplo elenco de ajudas à condução. Mecanicamente mantém o motor a gasolina 1.0 atmosférico de quatro cilindros e 63 CV que combina com uma caixa manual de 5 velocidades ou automática em opção. O Picanto pode ser adquirido em dois níveis de equipamento: Urban e GT-Line. Os preços começam nos 16 899 euros já com campanha de desconto adicionada.
ABARTH 500E
Como não podia ser de outra forma, a marca do escorpião é a alternativa mais radical e desportiva do segmento, neste caso derivada do Fiat 500e. Conta com um motor elétrico que anuncia 155 CV e que lança este urbano de 3,67 m de comprimento de 0 a 100 km/h em 7 segundos, com recuperações de 60 a 100 km/h em torno de 1,5 segundos. Mas, mais até do que pelas prestações, destaca-se pela calibração do chassis, mais firme e direto. E, para tentar satisfazer os puristas, vem acompanhado de um som artificial que simula o motor de um Abarth 500 a gasolina. Conta com uma bateria de 42 kWh que lhe permite anunciar uma autonomia de 265 km. Pode ser carregado em tomadas rápidas (CC) de 85 kW, de onde “sai” com 80% de bateria em apenas 35 minutos de carga, ou seja, à razão de 50 km por cada 5 minutos, ou então em corrente alterna a até 11 kW. É comercializado em carroçarias Coupé e Cabrio, ambos nos níveis de equipamento base (500e) e Turismo. Os preços começam nos 38 030 euros da versão Coupé, enquanto o Cabrio arranca nos 41 030 euros.
DACIA SPRING
É das propostas elétricas mais acessíveis (o preço começa nos 16 900 euros) e é o primeiro elétrico da Dacia. Acaba de ser totalmente renovado, tanto que parece que foi feito do zero, contudo não deixa de ser o modelo anterior profundamente melhorado. Para além da nova estética, conta com conetividade mais evoluída e novas funcionalidades, sendo elas de segurança ou elétricas, como o carregamento bidireccional que é capaz de fornecer energia a outros dispositivos, como uma cafeteira ou uma bicicleta eléctrica. A gama compreende motores de 45 e 65 CV, sempre com uma bateria de 26,8 kWh para percorrer, pelo menos no papel, 225 km em ciclo misto e pouco mais de 300 km em percursos urbanos. É vendido nos níveis de equipamento: Essential, com o motor de 45 CV, Expression e Extreme com motor de 65 CV. Existe ainda uma versão Cargo de dois lugares disponível com o motor mais potente.
FIAT 500E
O ícone urbano eletrificou-se na totalidade em 2021, e muito em breve será lançado numa versão Hybrid, uma espécie de sucessor do extinto 500 Hybrid. Ainda assim, o atual 500e é, para já, apenas elétrico e é proposto em três carroçarias: Coupé, Cabrio (500e) e 3+1 (Trepiuno), com uma segunda porta traseira do lado direito que se abre de forma suicida. Esta facilita quando nos queremos sentar atrás, porque cria um pequeno espaço adicional junto do pilar B.
A gama é composta por duas motorizações elétricas: 95 CV com bateria de 23,7 kWh brutos para uma autonomia de 190 km; e 118 CV e bateria de 42 kW com uma autonomia anunciada em ciclo misto de 332 km (450 km em condução urbana). As potências de carregamento variam: com 11 kW para todos em CA, e em CC com 50 para o mais acessível e 85 para o mais potente, ambos com tempos de carregamento de 35 minutos. Está disponível na carroçaria fechada, na Cabrio e nas versões 500e, RED e La Prima. Os preços começam nos 31 071 euros do 500e. O RED custa a partir de 31 571 euros, enquanto o La Prima em preços desde 35 637 euros.
FIAT PANDA/PANDINA
Já fomos a Itália conhecer o novo e inédito Grande Panda que, entre outras, será lançado numa versão 100% eléctrica e que alcança os 3,99m de comprimento (ou seja, é um segmento B). De forma paralela, e como já havia feito com o 500, a Fiat mantém no catálogo o Panda da atual geração. É mais pequeno, logo ideal para a cidade, mas também mais barato. É basicamente o modelo híbrido mais barato em comercialização no mercado português, com um preço de entrada que começa nos 16 630 euros. Para além disso, a gama contempla ainda a declinação de aspeto aventureiro que foi rebatizada de Pandina e que custa a partir de 17 755 euros.
Ainda que veteranos, estes modelos oferecem de série um amplo compêndio de segurança obrigatória pelo novo padrão europeu: travagem de emergência, reconhecimento de sinais de trânsito, alerta involuntário de mudança de faixa de rodagem, detetor de fadiga do condutor, sensor de estacionamento traseiro, 6 airbags… O motor é o mesmo em todos os Panda, o 1.0 de três cilindros a gasolina que debita 70 CV dotado de hibridação ligeira de 12V. O consumo anunciado é de 5,1 l/100 km.
HYUNDAI I10
Renovado em profundidade em meados de 2023, tem um comprimento de 3,67 m e uma distância entre eixos de 2,42 m. Mais habitável do que parece à primeira vista, conta com uma bagageira de 252 litros, adequada para o transporte de artigos do dia-a-dia e com níveis de equipamento sedutores, como o N Line, por exemplo, de aspeto desportivo. O i10 conta com painel de instrumentos digital no nível de equipamento de topo, de ligações USB-C à frente e atrás, de chamada de emergência eCall mediante rede 4G, de navegação com atualização “Over the Air” e de ligação sem fios para smartphone com integração Apple CarPlay e Android Auto. No apartado mecânico existem dois motores: 1.0 MPI de 3 cilindros e 63 CV e um 1.0 Turbo GDI de 90 CV, com caixa manual ou automática. O menos potente está disponível na versão Confort e custa desde 17 680 euros para o manual e 19 130 euros para o automático.
O motor Turbo é exclusivo do nível de acabamento N Line que surge apenas acoplado à caixa manual a partir de 20 230 euros.
HYUNDAI INSTER
Vem completar a gama eléctrica da marca coreana e insere-se na família IONIQ. Este citadino é um produto novo que se chama Inster e chega aos 3,82 m de comprimento, medida que o coloca a meio caminho entre utilitários do género do Citroën ë-C3, Fiat Grande Panda Elétrico, Dacia Spring e Leapmotor T03. De aspeto SUV, será complementado dentro de alguns meses por uma opção mais aventureira, esteticamente falando, denominada Inster Cross, com grelha no tejadilho e outros detalhes radicais. Pese as suas dimensões contidas, promete um interior espaçoso para quatro adultos, com uma bagageira que começa nos 280 litros, uma das maiores do segmento. Conta ainda com bancos com encostos rebatíveis em todos os lugares e com banco traseiro simétrico que pode ser ajustado longitudinalmente cerca de 20 cm. Vai ser disponibilizado com potências de 97 e 115 CV, alimentadas por bateria de 42 e 49 kWh respetivamente, para anunciarem autonomias de 327 e 370 km (até 518 km em circulação puramente urbana). A potência de carregamento também difere: 73 kW para o menos potente e 85 kW para o mais potente, sendo que ambos os casos demoram 30 minutos para passarem de 10 a 80%. Os preços começam nos 19 250 euros, valor que anda não inclui IVA.
CITROËN AMI
O Ami veio agitar o universo dos microcarros, vulgarmente denominados quadriciclos. Mas a realidade é que o pequeno Citroën rapidamente se impôs entre quem pretendia um destes veículos, que se podem conduzir sem a carta de condução tradicional e com mecânica elétrica, exibindo dois grandes trunfos: uma estética “gira” e um preço imbatível, abaixo dos 8000€. A marca francesa apresentou recentemente um restyling do modelo que o torna (ainda) mais apetecível.
O renovado Ami vai chegar a Portugal no 2.º trimestre de 2025 com um aspeto mais apelativo. As luzes de presença descem e os faróis sobem, passando estes últimos a fazer lembrar o Citroën 2CV.
Mecanicamente, mantém o motor eléctrico de 8,2 CV, valor suficiente para atingir 45 km/h, a velocidade máxima permitida para este tipo de veículos que podem ser conduzidos por jovens com 16 anos. A bateria também é a mesma. Pesa 60 kg e disponibiliza 5,5 kWh de capacidade, recarregável a partir de uma tomada vulgar de 220V. A autonomia de 75 km também não sofreu alterações.
LEAPMOTOR T03
O construtor chinês fundado em 2015 e parceiro da Stellantis vai chegar a Portugal no primeiro trimestre de 2025 com este citadino de 3,6 m de comprimento, 5 portas e 4 lugares que promete ser um dos mais populares do seu género. Dono de um perfil muito quadrado que abre portas a um habitáculo surpreendentemente amplo, bem acompanhado por uma bagageira de 210 litros. Ao volante é muito digital (painel de instrumentos, multimédia de série), tudo com uma qualidade de construção correta. Também oferece uma dinâmica de condução ágil, estável e segura, tanto em ambientes urbanos, onde se desenvencilha com facilidade, com em traçados extra-urbanos. Conta com um motor de 95 CV, de aceleração progressiva, que são alimentados pela energia procedente de uma bateria de 37,3 kWh com a qual permite anunciar uma autonomia de até 265 km em ciclo misto e de 395 km em circulação puramente urbana.
Conta com função de carregamento direccional para fornecer energia “para fora”, para carregar uma bicicleta eléctrica, por exemplo. Ainda não existem preços para Portugal, mas seguramente vão arrancar abaixo dos 20 mil euros, logo a relação preço/equipamento é muito favorável. A marca vai facilitar o processo de aquisição ao propor apenas um nível de equipamento que já conta de série com ar condicionado, navegação, sensores de luz e chuva, câmara traseira, faróis LED, teto panorâmico e uma lista infinita de assistentes de condução.
MICROLINO
Os mais velhos e apaixonados por automóveis recordarão com saudade o Isetta, modelo produzido pela BMW na década de 50 do século passado. Foi este modelo que serviu de ponto de partida para que a empresa suíça Micro reedita-se esse modelo e o lançasse agora totalmente elétrico. O Microlino é um quadriciclo com um design do mais peculiar que conhecemos, o interior (que é acedido pela única porta disponível neste modelo e que fecha ou abre toda a secção dianteira) foi configurado para dois ocupantes e conta com uma bagageira de 230 litros, capacidade mais do que suficiente para um veículo com apenas 2,52 m de comprimento.
Existem duas versões à escolha: Lite, um quadriciclo leve (L6) que permite ser conduzido sem ter carta de condução de ligeiros, bastando para tal uma licença AM e mínimo de 16 anos, e Microlino (L7), um quadriciclo que requer carta de condução de ligeiros (B e B1) até porque alcança os 90 km/h graças ao seu motor de 17 CV alimentado por uma bateria de 10,5 kWh para uma autonomia de 177 km. Admite carregamentos de 2,2 kW, ou seja, 8 horas para uma carga completa. Quanto a preços, o primeiro custa 18 440 euros e o segundo 20 490 euros. O Microlino vai poder ter três baterias à escolha: 6 kWh, 10,5 kWh e 14,4 kWh, a que correspondem autonomias (ciclo WLTP) de, respetivamente, 93 km, 177 km e 228 km. A importação está a cargo a C. Santos VP.
DONGFENG BOX
A Dongfeng chega a Portugal pelas mãos da Salvador Caetano e com um modelo de carácter citadino que dá pelo nome de Box, assim simples. Este 100% elétrico conta com uma bateria de 42,3 kWh para uma autonomia de até 310 km. No geral, o Box é um automóvel bem equipado e muito funcional, com uma habitabilidade mais generosa do que o habitual em carros com estas dimensões. Há espaço para transportar quatro adultos com conforto q.b. e a mala, com 326 litros de capacidade surpreende pela positiva. Depois há luxos, como o banco de condutor de regulação elétrica, com memória, função de boas-vindas, aquecimento e ventilação. Na tecnologia, destaque para o ecrã tátil central de 13 polegadas que complementa o painel de instrumentos de 5 polegadas.
Posteriormente, a gama será reforçada com uma bateria mais compacta, com 31,45 kWh, para oferecer uma autonomia de 270 km, e acima de tudo um preço mais concorrencial. Para já, este Box custa a partir de 26 750 euros para a versão Box Pro. A versão seguinte, Plus, custa 28 005 euros.
TOYOTA AYGO X
Este citadino japonês de quatro lugares é das poucas opções da marca japonesa que não dispõe de qualquer tipo de hibridação, tecnologia, e parte, prescindível porque o seu motor a gasolina 1.0 de 72 CV anuncia um consumo combinado de 4,8 l/100 km. Este valor tão positivo é conseguido graças à sua leveza (pesa pouco mais de 1000 kg) e até à caixa manual de cinco velocidades (existe uma opção com caixa automática que anuncia um consumo de 5 l/100 km). Com 3,7 m de comprimento, revela um desenho que se aproxima ao de um crossover (não dispõe de tração integral). O interior é moderno e digital, com ecrã central multimédia de 7, 8 ou 9”. A bagageira chega aos 231 litros, valor correto para o dia-a-dia. O equipamento de série é completo e divide-se entre os níveis play, pulse e envy. A versão de entrada custa a partir de 18 240 euros.
