A chinesa Omoda, acabada de entrar em Portugal pela mão do sólido Grupo JAP, estreia-se com elétricos mas ‘esconde’ térmicos a preço canhão.
O mercado automóvel português, onde a Dacia tem reinado quase sem contestação no segmento de preços acessíveis, está a enfrentar a sua maior vaga de concorrentes. A estratégia da Omoda, arrancada com o Omoda 5, um SUV 100% elétrico, desenhado sob o conceito “Art in Motion”, com uma grelha futurista e assinatura de luzes em forma de “T” e um interior dominado por um ecrã duplo HD curvo de 24,6 polegadas e um sistema de som SONY de oito colunas (!), anunciando uma autonomia de 536 km, 204 cv de potência e um preço a partir dos 34.900 euros, muito provavelmente não ficará por aqui…
A marca tem uma estratégia global e uma gama com combustão para conquistar o mercado. Ao contrário de outras marcas chinesas que focaram a sua entrada no mercado europeu apenas na eletrificação, a Omoda tem uma visão mais abrangente e pragmática. O seu portefólio inclui – e continuará a incluir – motores de combustão interna, apontando diretamente para o coração do mercado de massas onde a Dacia constrói o seu sucesso.
Esta abordagem fica clara com o futuro Omoda 4, um modelo mais compacto e angular com um design distinto e um interior minimalista centrado num grande tablet vertical. Previsto para 2026, o Omoda 4 será oferecido com uma escolha de motores a gasolina e elétricos, possivelmente partilhando mecânicas com os seus badge twins da Jaecoo. Espera-se um motor turbo 1.6 litros com cerca de 140 cv para as versões a gasolina, e um propulsor elétrico de 207 cv para a variante zero emissões.

Porque é uma dor de cabeça para a Dacia?
A Dacia prosperou ao oferecer simplicidade, robustez e preços imbatíveis. A Omoda parece adotar uma fórmula diferente, mas igualmente poderosa: preços competitivos, mas com um nível de equipamento, tecnologia e design “premium” que coloca os modelos da Dacia numa posição potencialmente dated.
Enquanto a Dacia se orgulha da sua funcionalidade sem luxos, a Omoda entra no mercado a oferecer volantes e bancos aquecidos, ecrãs gigantes e sistemas de som de marca. Para o consumidor que procura o melhor custo-benefício, a chegada da Omoda representa uma alternativa inédita: em vez de “menos por menos”, a promessa é “mais pelo mesmo”.
A entrada pelo Grupo JAP, com a sua vasta experiência e rede de concessionários em Portugal, garante à Omoda a credibilidade e a capilaridade de que precisa. A combinação de um elétrico bem-equipado e a preço acessível com uma futura gama de modelos térmicos faz da Omoda uma ameaça multidimensional. Se cumprir as suas promessas, a marca chinesa não será apenas mais uma concorrente – poderá ser, de facto, a maior dor de cabeça que a Dacia já enfrentou em solo português.















