Novo estudo revela o verdadeiro inimigo da bateria do seu carro elétrico (e não é o Ar Condicionado)
Os veículos elétricos (VE) já são uma realidade incontornável nas nossas estradas, mas alguns mitos teimam em persistir, especialmente sobre o desempenho de um carro elétrico em condições extremas. Ouvimos falar de baterias que morrem no frio polar, deixando condutores encalhados, ou do terror de ligar o ar condicionado (AC) no verão, com medo que devore a preciosa autonomia. A verdade, revelada por um estudo recente, é mais subtil – e aponta o dedo a um culpado bem diferente.
Contrariando a crença popular, o maior consumidor de bateria num elétrico, especialmente em dias quentes, não é o sistema de climatização, mas sim… a velocidade a que conduz. É isso mesmo: o seu pé direito no acelerador tem um impacto muito maior na autonomia do que ligar o AC para se refrescar.
Desmontando os Mitos
Inverno: A ideia de que os VE morrem mais depressa no frio que os carros a combustão é exagerada. Um VE consegue aquecer o habitáculo de forma muito mais eficiente do que um carro tradicional (que desperdiça grande parte do calor do motor). É mais provável um carro a gasóleo ficar sem combustível a tentar aquecer o habitáculo do que um VE esgotar a bateria pelo mesmo motivo.
Verão: O medo de não poder usar o AC para não descarregar a bateria também é infundado. Os VE permitem até uma vantagem crucial: o pré-arrefecimento programado enquanto ainda estão ligados à corrente. Assim, o habitáculo atinge a temperatura ideal usando energia da rede, poupando a bateria. E mesmo em andamento, o consumo do AC é significativamente menor do que muitos imaginam.
Estudo confirma: Velocidade é o vilão
A Geotab, líder global em soluções de veículos conectados, analisou dados de mais de três milhões de viagens de VE, focando-se em sedans e furgonetas ligeiras. As conclusões são claras:
O impacto da velocidade é esmagador: Mesmo aumentos moderados de velocidade resultam em perdas substanciais de autonomia. A resistência aerodinâmica aumenta exponencialmente com a velocidade, exigindo muito mais energia da bateria.
O AC é um consumidor menor: Embora o consumo do ar condicionado seja mais visível a baixas velocidades (onde o arrasto aerodinâmico é mínimo), o seu impacto global na autonomia, especialmente em viagens longas, é muito inferior ao da velocidade.
Exemplos práticos (Baseados numa bateria de 65 kWh):
Furgão ligeiro:
80 km/h (50 mph) a 30°C (86°F) com AC: ~230 km de autonomia
96 km/h (60 mph): ~195 km
113 km/h (70 mph): ~166 km
129 km/h (80 mph): ~142 km
Queda de autonomia entre 80 km/h e 129 km/h: 38%!
Berlina (mais aerodinâmico):
80 km/h (50 mph) a 30°C (86°F): ~446 km
96 km/h (60 mph): ~404 km
113 km/h (70 mph): ~364 km
129 km/h (80 mph): ~322 km
Queda de autonomia entre 80 km/h e 129 km/h: 28%
Fonte: Autoevolution
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