A Ford revelou uma nova geração do icónico Mondeo. Mas é só para a China. Será que este renascimento acende a esperança de um regresso das berlinas à Europa? Analisamos a tendência.
As imagens estão a correr as redes sociais e reacenderam a nostalgia: um novo Ford Mondeo, com um design moderníssimo e um ecrã gigante que domina o habitáculo. A revelação, feita no Salão de Guangzhou, trouxe de volta à ribalta um nome lendário. No entanto, a notícia tem um gosto amargo para os europeus: este Mondeo é exclusivo para o mercado chinês. A pergunta que fica é: esta aposta da Ford num sedan tradicional é um caso isolado, ou um sinal de que as berlinas podem estar prestes a ter a sua revanche contra a dominância dos SUV?
Desenvolvido em parceria Changan-Ford, o novo Mondeo representa uma evolução significativa do modelo. Apresenta uma silhueta mais desportiva, em estilo fastback, e um interior revolucionário, dominado por um enorme ecrã curvo de 27 polegadas. A nível mecânico, segue uma rota convencional para aquele mercado, equipado com um motor de gasolina Ecoboost de 2.0 litros e 261 CV. Uma oferta robusta e tecnológica, mas que, a confirmar-se a estratégia da Ford, nunca atravessará fronteiras para chegar aos concessionários europeus.
Porque a Europa perdeu o Mondeo e outras berlinas?
A história é conhecida: o declínio acentuado das vendas de berlinas médias no mercado europeu, esmagadas pela procura insaciável por SUV de todos os tamanhos, levou a Ford a descontinuar o Mondeo em 2022. O mesmo destino tiveram modelos emblemáticos como o Opel Insignia. A indústria seguiu o dinheiro e o gosto do cliente.
E aqui reside o paradoxo interessante que o novo Mondeo evidencia. Enquanto na Europa o segmento de sedans médios encolhe, na China, o maior mercado automóvel do mundo, ele mantém uma vitalidade significativa. Marcas ocidentais e chinesas continuam a lançar e atualizar berlinas sofisticadas, muitas vezes servindo como carros de empresa ou símbolos de status. O novo Mondeo é prova viva de que a fórmula “berlina” está longe de ser obsoleta globalmente.
A questão de um milhão de euros é: podemos, um dia, voltar a ver uma berlina média como o Mondeo nos catálogos europeus da Ford?



















