No Japão, as autoestradas ficaram paralisadas durante quase dois dias. Os automobilistas puderam assim passar gratuitamente pelas portagens, uma vez que as barreiras estavam abertas.
Mas, num país onde a fraude é muito mal vista, eles próprios pagaram a sua passagem. As raras vezes em que foi possível passar por um portagem sem pagar foi por causa dos coletes amarelos!
Mas, fora isso, é impossível escapar do pagamento das portagens, mesmo que alguns pequenos infratores se divertissem colando o veículo à frente para passar de graça. Imagine, no entanto, que os portos de portagem portugueses deixassem de funcionar repentinamente e que as empresas rodoviárias abrissem as barreiras. Se estas últimas pedissem que pagasse as suas viagens posteriormente, o faria? Foi exatamente isso que aconteceu no Japão.
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No início de abril, o sistema de portagem eletrónica de centenas de autoestradas em todo o país avariou. No total, 106 portagens, nas autoestradas Tomei e Chuo, em Tóquio, e nas prefeituras de Kanagawa, Yamanashi, Nagano, Shizuoka, Aichi, Gifu e Mie, ficaram fora de serviço durante 38 horas. E isso não causou caos. Em vez de bloquear todo o tráfego, a operadora da autoestrada decidiu levantar todas as barreiras e deixar os motoristas passarem e seguirem seu caminho gratuitamente… pelo menos naquele momento.
Haveria cerca de um milhão de passagens nessas portagens durante as 38 horas de falha, uma perda considerável para a empresa que administra as autoestradas, a Nexco Central Japan, que, apesar de tudo, não podia obrigar os utilizadores a pagar. De facto, não existe nenhuma «cláusula que isente os condutores de pagar em caso do que se poderia chamar de falhas do sistema, como neste caso específico», comentou a imprensa japonesa.
Numa época em que os franceses ainda têm dificuldade em compreender o funcionamento das autoestradas de fluxo livre sem portagem e o seu modo de pagamento, os japoneses mostraram-se zelosos.