Estratégia inesperada pode representar uma viragem na eletrificação da Renault, com nova plataforma modular a unificar modelos.
Num anúncio que está a gerar alguma surpresa no seio do setor automóvel, a Renault assume que está preparada para reintroduzir motores de combustão nos próximos Megane e Scenic. Uma decisão que representaria uma significativa adaptação ao plano “Renaulution” original, que separava claramente os modelos térmicos dos elétricos na estratégia do emblema francês.
A confirmação surgiu pelo próprio François Provost, durante a apresentação do novo Twingo, em Paris, onde o novo CEO do Grupo Renault explicou que tanto o Megane como o Scenic – atuais modelos 100% elétricos – poderão incluir na próxima geração versões com motorização de combustão. A mudança surge num contexto de vendas abaixo do esperado no crucial segmento C, onde ambos os modelos ostentam há vários anos o estatuto de referências.
Nova plataforma unificada
Tecnicamente, a estratégia da Renault passa pelo desenvolvimento de uma nova plataforma modular que servirá de base não apenas para os futuros Megane e Scenic, mas também para a vindoura geração dos modelos Austral, Espace e Rafale. Esta solução técnica permitirá à marca oferecer múltiplas opções de motorização nos mesmos modelos, adaptando-se melhor às diferentes necessidades dos mercados europeus.
Elétricos com autonomia estendida
Segundo fontes da marca, a aposta não recairá num híbrido convencional, mas sim num sistema de elétrico com autonomia estendida. Nesta configuração, o motor de combustão funciona exclusivamente como gerador para carregar a bateria, sem estar mecanicamente ligado às rodas. Esta solução técnica já é familiar no Nissan Qashqai com a tecnologia e-Power, levantando a possibilidade de sinergias dentro da Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi.
Motor da Horse Powertrain transforma elétricos em híbridos
A Horse Powertrain, em colaboração com a Renault, desenvolveu o “Future Hybrid System” – uma solução modular que promete facilitar a transição para a eletrificação. O sistema destaca-se pela sua facilidade de instalação e versatilidade. Num processo relativamente simples, a unidade substitui o grupo motopropulsor elétrico dianteiro dos veículos elétricos puros (BEV), convertendo-os em híbridos, híbridos plug-in ou elétricos de autonomia estendida. Esta abordagem representa uma solução economicamente acessível para fabricantes e consumidores, acelerando a adoção de tecnologias de baixas emissões.
Os engenheiros desenvolveram duas variantes distintas do sistema, uma opção compacta, com apenas 65 cm de largura, privilegia a otimização do espaço, ideal para veículos pequenos; outra opção performance, que incorpora dois motores elétricos de reduzidas dimensões – um posicionado na extremidade da cambota e outro na transmissão – para melhorar significativamente o desempenho dinâmico.
Os dois recorrem a um motor a gasolina de 1.5 litros e quatro cilindros, cuja verdadeira inovação reside na flexibilidade combustível.















