“A elegância é a única beleza que nunca desaparece.” Talvez não haja nenhum automóvel francês que tenha incarnado tão bem esta frase célebre de Audrey Hepburn como o Renault Floride.
Num mundo que hoje debate o futuro da mobilidade, este charmoso descapotável de 1958 lembra-nos que algumas conquistas da engenharia automóvel são, simplesmente, eternas. Mais do que um meio de transporte, o Floride era – e continua a ser – um estado de espírito sobre rodas, uma máquina de fazer sorrir que conquistou desde estrelas de cinema a princesas.
O nascimento de um ÍCONE
A história começa com uma ambição ousada: conquistar o mercado americano com algo mais cativante que o prático Dauphine. A solução surgiu sob a forma de um descapotável de linhas puras, batizado com o nome que evocava o sol da Florida – um destino de sonho para muitos europeus do pós-guerra.
Das mãos do designer Pietro Frua nasceu uma escultura móvel que pouco devia ao seu progenitor mecânico. O Floride apresentava-se em três carroçarias: cabriolet para os amantes da condução de cabelos ao vento, coupé para os mais desportivos, e hard-top para quem apreciava elegância em todas as condições.
Equipado com transmissão traseira e motor longitudinal também traseiro, o Floride não era perfeito em termos de distribuição de massas. Mas o seu propulsor Ventoux, um clássico 4 cilindros de 845 cm₃, herdado do Dauphine Gordini, oferecia 40 “simpáticos” cavalos de potência às 5.200 rpm com a ajuda de um carburador Solex.
Com as evoluções na mecânica, passou para 51 CV depois 55, até aos 57,5 cv no final da carreira.
Cada versão trazia melhorias técnicas – caixa sincronizada, travões de disco – transformando progressivamente o carro de um bonito passeante num companheiro de estrada competente.
Quando as estrelas se enamoraram
O Floride soube conquistar quem melhor entendia de elegância. Brigitte Bardot, ao volante de um exemplar branco, tornou-o símbolo de uma feminilidade nova, confiante e sensual. Do outro extremo, a princesa Grace do Mónaco preferiu um coupé verde, emprestando-lhe o seu inimitável selo de sofisticação.
Entre estes dois ícones de estilo, o Floride provava a sua versatilidade única: podia ser tanto um símbolo de rebeldia glamorosa como de aristocrática discrição.
Legado: 60 anos e o mesmo sorriso
Produzido até 1968 em mais de 117.000 exemplares, o Floride (rebatizado Caravelle nos seus últimos anos) demonstrou que o prazer automóvel não se mede apenas por cavalos ou velocidades máximas. Meio século depois, o seu apelo permanece intacto – prova viva de que, enquanto houver estradas ensolaradas e espíritos livres, haverá lugar para automóveis com alma.
Num mundo cada vez mais padronizado, o Floride mantém-se como um lembrete delicado de que a verdadeira sofisticação está na capacidade de nos fazer felizes – hoje, amanhã, e provavelmente daqui a mais sessenta anos.

















