A Nissan decidiu romper a sua parceria com a Renault e a Mitsubishi no âmbito do sistema europeu de “pools” de CO₂, consórcios que permitem às marcas partilhar créditos de emissões, e formar uma nova aliança com a chinesa BYD a partir de 2025.
A decisão, formalizada a 17 de outubro, marca um novo afastamento entre os dois históricos parceiros da indústria automóvel.
Até agora, a Nissan beneficiava das vendas de veículos elétricos e híbridos da Renault para equilibrar a sua média de emissões de CO₂ na Europa, evitando multas pesadas impostas pela União Europeia. No entanto, o acordo com a aliança franco-japonesa terminava no final de 2024 e não foi renovado. Segundo fontes da marca japonesa, a BYD — especializada em automóveis híbridos e 100% elétricos — surge como uma parceira mais vantajosa para cumprir os exigentes objetivos ambientais europeus.
O sistema de “pools” é amplamente utilizado por fabricantes com gamas menos eletrificadas. A Tesla, por exemplo, lidera o maior consórcio deste tipo, que inclui marcas como Toyota, Mazda, Subaru, Honda e Stellantis, gerando receitas de vários milhares de milhões de euros com a venda de créditos de CO₂.
A nova parceria com a BYD revela, também, a crescente independência da Nissan face à Renault, cujas relações já vinham a enfraquecer desde o caso Carlos Ghosn. O movimento simboliza uma reorientação estratégica da marca japonesa, que procura recuperar terreno no segmento elétrico.
Apesar de ter sido pioneira no mercado de veículos elétricos com o Nissan Leaf, lançado em 2010, a marca perdeu competitividade nos últimos anos. O SUV elétrico Ariya ainda não alcançou o volume de vendas necessário para garantir um “mix elétrico” entre 20% e 25%, considerado o mínimo para evitar penalizações de CO₂ na Europa.
Com a chegada de Ivan Espinosa à liderança da empresa em abril de 2025, a Nissan enfrenta agora o desafio de reconstruir a sua presença nos EUA e reforçar a competitividade na Europa, onde enfrenta uma concorrência feroz, especialmente no segmento dos SUVs — um território que ajudou a popularizar com o icónico Qashqai.
A aposta na parceria com a BYD poderá ser o impulso necessário para reposicionar a Nissan no mercado elétrico global e recuperar o prestígio que a tornou referência no setor há mais de uma década.