A Ford faz marcha-atrás na sua estratégia de eletrificação, anunciando uma desaceleração dos investimentos em modelos exclusivamente a bateria. A decisão, que resultará num prejuízo único de aproximadamente 19,5 mil milhões de dólares (cerca de 16,6 mil milhões de euros), será refletida nos resultados do trimestre em curso.
A mudança ocorre num contexto de desafios para tornar o segmento de veículos elétricos financeiramente sustentável. Fatores como um arrefecimento da procura do mercado e alterações no quadro regulatório sob a nova administração nos EUA influenciaram a decisão.
Como parte do reajuste, a empresa suspenderá o desenvolvimento do SUV elétrico da Série F, redirecionando recursos para veículos a gasóleo e híbridos. O modelo elétrico F-150 Lightning será convertido numa versão híbrida de autonomia estendida, e uma fábrica de baterias inicialmente dedicada a elétricos será reconfigurada.
Andrew Frick, responsável pela divisão de veículos elétricos da Ford, indicou à Bloomberg que o objetivo é tornar a operação de elétricos lucrativa apenas a partir de 2029. A unidade acumula perdas superiores a 5 mil milhões de dólares apenas no último ano, com expectativa de agravamento no exercício atual.
Jim Farley, CEO da Ford, justificou a mudança em entrevista à Bloomberg TV: “Prosseguir com investimentos avultados em produtos que antevíamos como não rentáveis não era sustentável. Foi uma escolha necessária.”
Apesar do impacto financeiro imediato, a empresa projeta um trimestre sólido, impulsionado pelas vendas de camiões e SUV a gasóleo. A Ford elevou ainda a previsão de receitas para 2023 em mais de mil milhões de dólares, fixando-a em 7 mil milhões.
No mercado bolsista, as ações da fabricante registraram uma valorização superior a 1,6% na terça-feira, após a divulgação do novo plano estratégico













