Os fabricantes europeus de pneus não pretendem deixar-se submergir pela borracha chinesa nos automóveis particulares, e não vão ficar de braços cruzados perante o império do Meio.
Os Estados-Membros da União Europeia estão, assim, a ponderar uma contra-ofensiva séria para restabelecer condições de concorrência equitativas.
Em poucos anos, a China tornou-se a maior ameaça para a indústria automóvel europeia. Uma ameaça que os países membros da UE parecem finalmente levar a sério, quando sem dúvida já deveriam ter (re)agido há muito tempo. Esta iniciativa dos europeus surge na sequência de uma queixa da indústria europeia de pneus, que denuncia os prejuízos causados pelas importações chinesas a preços anormalmente baixos, explicou o executivo europeu num comunicado.
E o que está em jogo é grande, já que esta indústria de pneus emprega diretamente 75 000 pessoas em 14 Estados-Membros da UE, precisa a Comissão. Ainda em termos numéricos, em 2024, o mercado europeu de pneus para automóveis particulares e veículos comerciais ligeiros representava mais de 18 mil milhões de euros.
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Mas então como combater eficazmente esta onda de pneus chineses, cujo desempenho em primeira montagem é claramente inferior ao dos pneus europeus, mas também muitas vezes… significativamente mais baratos para os particulares e, portanto, muito procurados por um grande número de condutores com orçamentos apertados.
Seja como for, o executivo de Bruxelas, que gere a política comercial em nome dos 27 países membros da UE, está nos blocos de partida para agir “se a investigação confirmar que a indústria europeia de pneus sofre ou corre o risco de sofrer prejuízos, a Comissão poderá impor direitos antidumping se tal for considerado do interesse da UE”.
A possibilidade de impor taxas sobre estas importações para restabelecer condições de concorrência leal seria, sem dúvida, um meio eficaz de atingir os seus objetivos, como já acontece há vários anos com as importações de pneus para autocarros e camiões pesados na União Europeia provenientes da China.
A investigação deverá ser concluída no prazo de 14 meses, enquanto medidas anti-dumping provisórias poderão ser implementadas no prazo de oito meses se o dumping e os prejuízos daí resultantes forem provisoriamente estabelecidos, precisou finalmente a Comissão. Da Michelin à Continental, passando pela Pirelli (que registou o fim do controlo exercido pelo seu acionista maioritário chinês), salvar a indústria de pneus francesa e europeia face ao gigante chinês é o grande desafio.