A Faraday Future, uma startup californiana de veículos elétricos (VE) que prometia rivalizar com a Tesla, está a afundar-se num cenário de vendas catastrófico. De acordo com o seu último relatório financeiro, a empresa vendeu apenas dois carros no primeiro trimestre de 2024, elevando o total de vendas desde o início da produção, em março de 2023, para meros 16 veículos…
A situação financeira é igualmente sombria. No primeiro trimestre do ano, a Faraday Future registou um prejuízo líquido de 43,8 milhões de dólares (cerca de 40 milhões de euros), um valor superior ao do período homólogo. As receitas de venda, somadas a alguns contratos de arrendamento, ascenderam a apenas 300.000 dólares (aproximadamente 277.000 euros) – um valor curiosamente baixo, considerando que o preço de tabela do seu modelo único, o FF 91, ronda os 300.000 dólares.
Estes números contrastam fortemente com o comunicado da empresa, que alega ter feito “progressos claros nas frentes financeira e operacional”.
Um luxo que ninguém compra
O FF 91 é apresentado como um “ultra-luxuoso” SUV elétrico, mas o seu sucesso comercial é praticamente inexistente. Para contextualizar, a construtora de automóveis de luxo Bugatti, conhecida pelo seu volume de produção extremamente baixo, vende mais unidades do que a Faraday Future. A Rolls-Royce, outra marca de elite, vendeu mais de 5.000 carros em 2023.
Perante esta realidade, o futuro do FF 91 parece condenado. A esperança da empresa está agora a depositar numa nova gama de veículos elétricos mais acessíveis, que usarão a designação “FX”.
A aposta (tardia) na acessibilidade
O primeiro modelo desta nova linha dá pelo nome de “Super One”, por um preço que deverá ficar abaixo dos 50.000 dólares (cerca de 46.000 euros). Outros modelos, incluindo um crossover de dimensões semelhantes ao Toyota RAV4, serão revelados mais tarde este ano.
Num sinal de potencial esperança, a Faraday Future afirma ter recebido 1.300 pré-encomendas, com depósitos não reembolsáveis, de duas empresas norte-americanas.
No entanto, a empresa salienta que estas encomendas são “não vinculativas”, deixando em aberto a sua conversão em vendas reais.
Enquanto a startup tenta mudar de rumo, o setor observa com cepticismo se a Faraday Future conseguirá, de facto, acender a sua luz de presença no competitivo mercado dos veículos elétricos, ou se se tornará mais uma nota de rodapé na história automóvel.