Os radares estão lá, e visivelmente sinalizados, mas mesmo assim caímos na armadilha e não conseguimos evitar a multa. Esta é a razão:
Vemos o sinal, tiramos o pé do acelerador, mas ainda assim não foi suficiente para baixar a velocidades e… já fomos, a multa chegará a casa alguns dias depois. Por exemplo, só em Lisboa, os radares fixos registaram mais de 500 mil multas em dois anos, fora os outros espalhados pelo país.
Mas se estes radares são fixos e existe um sinal alguns metros antes deles que os identificam, porque é que somos multados? As razões são várias, sociológicas, psicológicas, técnicas… por isso vamos analisá-los.
Habituar-se à velocidade
Um dos principais motivos para sermos apanhados pelos radares prende-se com a forma como percebemos o risco – ou com a ausência dessa perceção. A velocidade funciona como um “inimigo invisível”: depois de vários quilómetros a conduzir a 120 km/h (ou a 90, 100), o corpo habitua-se, deixando de sentir a verdadeira rapidez. Nesses cenários, sobretudo em autoestradas retas, largas e com bom piso, os condutores tendem a acelerar sem se aperceberem da presença de radares.
Informação a mais na estrada
Outro fator importante é a sobrecarga de informação. Segundo o Conselho Europeu de Segurança Rodoviária, numa viagem de apenas meia hora, recebemos mais de mil estímulos visuais – desde sinais e marcas rodoviárias até outros veículos. O sinal de aviso do radar entra nessa competição pela atenção do condutor. Se coincidir com uma manobra (como uma ultrapassagem ou curva) ou com uma distração dentro do carro, pode facilmente passar despercebido e acabamos multados.
Tolerâncias mais apertadas nos radares
Também existem razões técnicas. As margens de erro dos radares foram revistas em 2023, passando a ser mais apertadas. Em Portugal, a margem de erro dos radares, ou tolerância, depende da velocidade máxima da via: 7 km/h para velocidades inferiores a 100 km/h e 7% para velocidades iguais ou superiores a 100 km/h. Por exemplo, numa via a 50 km/h, o radar só dispara a 53 km/h, enquanto numa via a 120 km/h, dispara a partir de 128,4 km/h. É importante lembrar que esta tolerância serve para compensar erros de medição, e não para incentivar o excesso de velocidade.
Pontos críticos de colocação
A colocação dos radares também tem um papel decisivo. Muitos são instalados em locais onde é natural acelerar: à saída de túneis, no fim de descidas, em retas após curvas lentas ou em estradas largas com boa visibilidade. Nessas situações, a tendência de ganhar velocidade é automática e o condutor dificilmente nota que está acima do limite. Resultado: multados.
Limites de velocidade pouco claros
Outro problema é a falta de clareza quanto à velocidade aplicável em determinados troços. Um exemplo típico é o de uma autoestrada, onde a regra geral é 120 km/h, mas que num ponto específico pode ter limite reduzido para 100 km/h. O radar dispara nesse valor, mas muitos condutores não se apercebem.
Confusão com radares de velocidade média
No caso dos radares de velocidade média, existe ainda um desconhecimento sobre o seu funcionamento. Muitos condutores reduzem a velocidade apenas no início e no fim, acreditando que basta não ultrapassar o limite nesses pontos. No entanto, o cálculo é feito com base na velocidade média de todo o percurso – o que leva a muitas surpresas desagradáveis.
Retomar a velocidade após o aviso
Por fim, há a questão do comportamento após ver o aviso de radar. É comum os condutores reduzirem para a velocidade correta assim que avistam o sinal, mas poucos metros depois, distraídos ou relaxados, voltam a acelerar – muitas vezes para valores ainda superiores aos de antes. O resultado é ainda serem apanhados pelo radar com excesso de velocidade.
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