A China descobriu a fórmula para a massificação dos elétricos, mas está encantada com os trunfos da tecnologia REEV, que combina o melhor dos mundos EV e convencional. Do que se trata afinal?
A revolução dos veículos elétricos (EV) na China seguiu um roteiro previsível, com um crescimento explosivo de modelos a bateria pura. No entanto, uma tendência mais subtil e poderosa tem conquistado o coração dos consumidores chineses: a paixão pelos veículos elétricos com extensão de autonomia, conhecidos como REEV (Range-Extended Electric Vehicles).
Esta preferência é destacada num gráfico que acompanha o JD Power China EV Study mais recente, mostrando uma trajetória de sucesso consistente de 2021 a 2024. O indicador mais notável? A impressionante marca de mais de 90% de satisfação dos clientes com esta tecnologia, um número que faz com que muitos concorrentes puramente elétricos ou híbridos tradicionais olhem com atenção.
O que está por trás deste “boom” dos REEV?
O segredo do REEV na China reside na sua capacidade de eliminar a “ansiedade de autonomia”, o maior temor dos potenciais compradores de elétricos. Um REEV funciona primariamente como um carro elétrico: é plug-in, carrega numa tomada e roda diariamente usando apenas a energia da sua bateria. A diferença crucial é que, quando a carga se esgota, um pequeno motor a combustão (geralmente a gasolina) atua como um gerador, produzindo eletricidade para alimentar o motor elétrico e recarregar parcialmente a bateria.
Esta tecnologia oferece o silêncio, a aceleração suave e os custos de operação reduzidos de um EV na cidade, com a segurança e a liberdade de um carro a combustão para viagens longas, sem a dependência de uma rede de carregamento ultrarrápida que ainda está em expansão no interior do país.
Os REEV já chegaram a Portugal?
Marcas como a Mazda ou a BMW (e mesmo a Opel com o Ampera) têm sido pioneiras nos modelos, mas a aposta mais recente vem da chinesa Leapmotor, que já arrancou com a comercialização em Portugal do C10 REEV, grande D-SUV com preços do segmento abaixo (desde 37.454 €).
Com tecnologia Range-Extended Electric Vehicle (REEV), oferece até 970 km de autonomia total, combinando a eficiência e o silêncio de um elétrico com a flexibilidade de um motor a gasolina que recarrega a bateria quando necessário. Equipado com 215 CV e 320 Nm de torque, proporciona uma condução suave e responsiva, além de carregamento rápido DC que recupera 50% da autonomia elétrica em 18 minutos.
Mazda usa motor Wankel
A Mazda comercializou em Portugal o MX-30 R-EV, basicamente um MX-30 plug-in, solução que recorre a um motor rotativo Wankel para garantir uma autonomia total alargada para este modelo que se vendia até aqui apenas numa versão elétrica.
Com uma bateria de 17,8 KWh, o MX-30 R-EV oferece uma autonomia 100% eléctrica de 85 km e, fruto da utilização da tecnologia de motor rotativo exclusiva da Mazda, o novo motor a gasolina de rotor único, com 830 cc de cilindrada, permite viagens de longa distância sem ansiedades ao nível dessa mesma autonomia ou nos carregamentos, até porque pode ser abastecido com gasolina.
O motor rotativo encontra-se colocado no compartimento mecânico, ao lado do gerador e do motor de alto rendimento. A combinação da bateria de 17,8 kW e do depósito de combustível de 50 litros cria, assim, um híbrido plug-in único, com uma autonomia total flexível superior a 600 km, com apenas 21 g/km de emissões de CO2 (WLTP), assegurando um desempenho ambiental líder na sua classe.
BMW abandonou o REX
A BMW foi das primeiras marcas a disponibilizar extensor de autonomia de segunda geração no i3 REX. E também a fazer marcha-atrás nesta decisão. De acordo com a marca bávara, além da baixa procura, o aumento considerável da autonomia do BMW i3 exclusivamente elétrico condenou a versão com extensor de autonomia. Na visão da marca, as baterias mais recente nos seus elétricos garantem autonomia mais do que suficiente para evitar o recurso ao extensor de autonomia.
“Juntamente com a crescente oferta de postos de carga rápida, acreditamos que a procura dos clientes estão a mudar para modelos puramente elétricos”, afirmavam então os responsáveis da BMW.
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