Aquele desejo de trocar de carros pode estar a esbarrar numa realidade cada vez mais dura. A sensação de que os preços dispararam não é ilusória: um estudo recente confirma que o custo total de um veículo novo aumentou impressionantes 27% desde 2020.
O ato de comprar um automóvel zero quilómetros está a transformar-se num investimento de luxo para muitas famílias. Esta mudança levou a uma procura crescente no mercado de usados, que, por sua vez, também viu os seus valores subirem, embora de forma mais contida.
A origem deste cenário remonta ao período da pandemia. Especialistas descrevem o que aconteceu entre 2020 e 2024 como uma “tempestade perfeita”, na qual todos os custos associados à posse de um carro sofreram aumentos significativos e simultâneos.
Para compreendermos esta subida, é crucial olhar para o Custo Total de Propriedade (CTP). Este conceito vai muito além do preço de venda e engloba todas as despesas ao longo da vida do veículo: combustível ou eletricidade, manutenção, seguros, impostos como o IUC e financiamento.
Os motores da inflação automóvel
De acordo com dados detalhados, o preço médio de tabela dos carros novos subiu 19% no período em análise. Vários fatores convergiram para este resultado:
Mudança de Design: Os fabricantes têm vindo a privilegiar a produção de veículos maiores, como os SUV, que naturalmente têm um preço base superior.
Tecnologia e Segurança: A incorporação obrigatória de sistemas de assistência à condução e de entretenimento mais complexos aumentou os custos de produção.
Transição Verde: A aposta nos veículos elétricos, com as suas baterias de alto custo, e a redução da oferta de modelos de combustão tradicionais contribuíram para a inflação geral. As rigorosas normas europeias de CO₂ levaram os fabricantes a focarem-se em tecnologias mais caras para evitar pesadas multas.
Crise Global: A escassez de chips e os problemas na cadeia de abastecimento, herdados da pandemia, continuam a ter um impacto residual nos preços e nos tempos de entrega.
Este ambiente de altos preços no mercado novo teve um efeito de arrastamento no segmento de usados. Após um pico de valorização de 44,5% entre 2020 e 2022, o mercado estabilizou, mas ainda apresenta uma valorização acumulada de 18,5% face a 2020.
Fonte: Arval Mobility Observatory














