O segmento dos elétricos urbanos está cada vez mais animado. Aqui a marca chinesa Dongfeng, recém-chegada a Portugal, propõe um modelo elementos pouco habituais na sua classe: muito equipamento, espaço e, sem ser um prodígio em termos de desempenho, é uma alternativa interessante na categoria.
Os automóveis elétricos estão destinados a dominar o mercado nos próximos anos e parece que as marcas estão finalmente a concentrar-se no habitat onde oferecem mais possibilidades: a cidade.
Facilidade de condução, funcionamento silencioso, baixo custo de utilização (o preço da eletricidade é muito mais barato do que o da gasolina), vantagens de circulação e de estacionamento…
Neste sentido vão chegando novos atores, como o chinês Dongfeng Box distribuído pelo grupo Salvador Caetano. Trata-se de um recém-chegado ao setor, com uma aparência jovem e simpática, em consonância com a sua orientação urbana, que dá lugar a elementos diferenciadores em relação a outras propostas da sua classe.
Não é habitual encontrar carros da sua categoria com portas sem moldura (fecham bem, mas não evitam alguns ruídos aerodinâmicos a bordo), nem equipamento como os bancos reguláveis eletricamente, com aquecimento e até ventilação. Aliás, a marca chinesa investiu muito neste particular, contemplando até 14 assistentes de condução (incluindo cruise control adaptativo com assistência no trânsito ou autoestradas), sistema de câmaras 360º com sensores que mostram a distância ao obstáculo, indicador de pressão com temperatura por roda e uma longa lista de extras que fazem a diferença. Ausências?
Algumas cores da carroçaria (opcionais) e o tradicional rádio (!). Sim, é verdade, não tem rádio. Inexplicavelmente para ouvir rádio precisa de recorrer ao smartphone (se tiver um plano com dados suficientes) e conectá-lo através das funções Apple CarPlay ou Android Auto, por fios.
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À parte disto, o Box recebe os passageiros com sons de boas-vindas emitidos num volume considerável a partir do exterior, configuráveis e também presentes no momento de trancar as portas ou na hora de encontrar o carro no estacionamento. A bordo, a primeira impressão é positiva. O olhar é rapidamente atraído pelos forros do tablier e das portas que, juntamente com os pespontos, os estofos (PVC, simulando pele) e a iluminação ambiente (personalizável, à noite provoca reflexos no espelho), criam um ambiente agradável e apelativo.
Muito espaço
A posição do volante é correta, embora careça de regulação em profundidade. O habitáculo destaca-se pela amplitude, outro dos seus pontos fortes. Atrás, oferece medidas recorde com os seus apenas 4 metros de comprimento, sobretudo no espaço para as pernas. Aí, o piso é plano e há fixações Isofix nos bancos laterais, mas o lugar central não tem apoio de cabeça e o encosto só se estende numa peça, limitando a flexibilidade quando se trata de transportar cargas volumosas. Não obstante, a bagageira é generosa.
A condução do Box é agradável e fácil, norma esperada num carro que será um fiel companheiro nas viagens diárias. Ainda assim, alguns pontos a rever: a direção podia ser mais precisa e menos vaga, e a suavidade dos amortecedores (claramente direcionados para conforto) acabam por limitar a ação nos trajetos mais sinuosos, mesmo que a sensação de segurança nunca seja posta em causa.
Entrega progressiva
O motor elétrico produz 93 CV, potência de caráter tranquilo na medida em que a perceção do “musculo” tanto no arranque como para ganhar velocidade quando o carro está em movimento é discreta, sem a “energia” inicial dos outros elétricos comparáveis.
Os três modos de condução disponíveis pouco alteram esta sensação, e até evitaria o perfil ECO, que limita ainda mais as recuperações. Além disso, existem três intensidades de recuperação de energia: a retenção ao soltar o acelerador não é imediata e demora algum tempo a sentir como o Box perde velocidade.
Apesar disso, o rendimento é adequado para o seu propósito urbano, e quando se aventura numa via rápida cumpre sem problemas. O consumo de energia é adequado em trajetos interurbanos ou citadinos, onde a bateria de 42,3 kWh possibilita uma autonomia superior a 300 km reais. Valor interessante que desce para cerca dos 250 km numa condução com mais autoestrada ou vias similares.
Texto Juan P. Esteban
Fotos Paulo Calisto
CONCLUSÃO
Atualmente não existe nenhum outro modelo no segmento com este nível de equipamento, e fá-lo por um preço que está dentro da órbita dos possíveis rivais. O interior surpreende pela sua amplitude, e apesar de o motor apresentar um ímpeto comedido, em ambiente urbano é mais do que suficiente.
FICHA TÉCNICA
DONGFENG BOX PLUS 42 kWH
TIPO DE MOTOR Elétrico, síncrono de íman permanente, traseiro
POTÊNCIA 93 CV (70 kW)
BINÁRIO MÁXIMO 160 Nm
TRANSMISSÃO Dianteira, caixa de relação única
BATERIA Fosfato de ferro-lítio, 42,3 kWh
AUTONOMIA (WLTP) 310 km (340 km em cidade)
TEMPO DE CARGA 6h40 a 6,6 kW CA (0-100%)
30 min. a 87,8 kW CC (30-80%)
VELOCIDADE MÁXIMA 1 40 km/h
ACELERAÇÃO 6,6 s (0 a 100 km/h)
CONSUMO (WLTP) 15,6 kWh/100 km (misto)
EMISSÕES CO2 (WLTP) N.D.
DIMENSÕES (C/L/A) 4.030 / 1.810 / 1.570 mm
PNEUS 215/55 R17
PESO 2.219 kg
BAGAGEIRA 326 l
PREÇO 28.000 €
GAMA DESDE 26.750 €
IMPOSTO de Circulação (IUC) 0 €
LANÇAMENTO Fevereiro de 2025