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Teste – smart #3 Brabus – Portento de energia

A declinação Brabus consagra a versão mais poderosa do crossover coupé da smart. Se o motor de entrada com 272 CV já é mais do que suficiente, com a dupla unidade elétrica de 428 CV e tração integral posiciona-se como a alternativa mais potente da sua classe, com um desempenho digno de um superdesportivo.

BrabusComo mudou a smart, a marca que no início do novo século quebrou paradigmas e popularizou o carro urbano, quase um “brinquedo”, que podia ser estacionado em qualquer lugar, consumia pouco e tinha aquele toque tão “cool”.

A metamorfose da marca, antes alemã e agora aliada ao poderoso grupo chinês da Chery Automotive, resultou em algo diferente. E se o primeiro produto da nova era foi o SUV compacto #1, o carro que vê aqui, o #3, explora uma faceta mais dinâmica. Todos, claro, 100% elétricos, como o próximo #5, o seu SUV de 4,7 metros que será lançado este ano.

O #3 parte da base do #1, mas modifica os argumentos e também o tamanho. São 4,4 metros de comprimento (mais 13 cm) e uma distância entre eixos (2.785 mm) um pouco superior, uma das mais generosas da sua categoria. A distância da carroçaria ao solo é de 160 mm, a meio caminho entre um automóvel “convencional” e um SUV.

Medidas à parte, a smart conseguiu dotá-lo de uma personalidade mais desportiva, alongando a sua silhueta e diminuindo a altura do tejadilho, que desce mais acentuadamente, e, tal como o primeiro, com uma versão Brabus que culmina a gama com prestações absolutamente impressionantes. Quase até fora de contexto, porque a gama #3 associa para os restantes acabamentos um motor elétrico de 272 CV já de si muito rápido (0-100 km/h em apenas 5,8 segundos), enquanto aqui apresenta com uma dupla unidade mecânica e tração total de 428 CV!

Chega e sobra

O apelido Brabus surge como uma espécie de declaração de intenções, mais em termos prestacionais do que nas sensações desportivas que se sente ao volante. Em relação ao primeiro, acelera de 0 a 100 km/h em 3,7 segundos. Num arranque de semáforo deixaria para trás um Porsche 911 Carrera (4,1 segundos) ou um BMW M4 (3,9). A potência é entregue de forma muito direta, sempre com mais energia no modo Desportivo ou no específico Brabus. Existem também outros perfis Conforto e Eco, embora em qualquer um deles exista potência de sobra.

Sim, é um elétrico, e faz barulho se o condutor quiser. Há quatro sons virtuais: dois mais espaciais, outro semelhante a um motor térmico e um quarto que emula o “ronronar” do smart original. Os dois últimos estão bem conseguidos, embora mediante a posição do acelerador possam tornar-se um pouco incómodos nos trajetos longos. Quanto ao consumo, em ambientes urbanos move-se em torno dos 16 kWh/100 km, e mantém médias gerais abaixo dos 20. Assim, com bateria de 66 kWh (há outra menor de 49 para o acabamento Pro) assegura viagens sem carregamentos entre 300 e 330 km. A potência de carga é boa: até 22 kW em corrente alternada e um máximo de 150 em contínua.

Enquanto a sua mecânica oferece um rendimento de superdesportivo, dinamicamente é um automóvel que se comporta bem (algo que não acontecia com o #1 Brabus), rola com agilidade e sem desconforto. Porém, falta-lhe um pouco de garra para ser considerado um carro desportivo puro.

A progressividade ao soltar o acelerador, quando a travagem regenerativa entra em ação, não é muito linear, e os seus dois níveis só podem ser ajustados a partir do ecrã (carece de patilhas no volante); sempre se nota alguma retenção. Há também o modo s-Pedal para conduzir quase sem pisar no travão e 4 perfis de assistência à direção, com melhor tato nos mais desportivos.

Bem-apresentado

O “selo” Brabus implica certos aditivos no habitáculo, continuando com aqueles pormenores vermelhos (no exterior, nas saias e pinças) nas costuras e cintos. Destacam-se os bancos, muito bem estofados em microfibra e couro sintético, equipados com aquecimento e ventilação. A aposta é num ambiente com poucos botões, pelo que é necessário algum tempo para aprender onde está cada função num sistema multimédia completo, fácil de manusear e que associa ecrãs de qualidade (o do painel de instrumentos, mais sucinto em dados). Há muito som e animações na interação com o carro, e está extremamente equipado: muito bem em segurança e até com bomba de calor para aumentar a autonomia. E como cereja no topo do bolo, habitáculo espaçoso e com muita luz graças ao teto panorâmico de série.

Texto Juan P. Esteban
Fotos Paulo Calisto

CONCLUSÃO

Não deixa de ser um carro com aquele toque “amigável” e funcional da mobilidade elétrica, mas ao mesmo tempo com uma aceleração violenta quando se pisa a fundo o pedal da direita. Ao contrário do Brabus #1, aqui a dinâmica está à altura. Vem com todo o equipamento, enquanto na relação preço/potência há poucos que se lhe equiparam. Dentro da gama, custa mais 5.000 € do que o acabamento Premium de 272 CV. Dá que pensar.

FICHA TÉCNICA
SMART #3 BRABUS

TIPO DE MOTOR                        Elétricos, síncronos de íman permanente, dianteiro e traseiro

POTÊNCIA                                     428 CV (315 kW)

BINÁRIO MÁXIMO                     543 Nm

TRANSMISSÃO                            Integral, caixa de relação única

BATERIA                                        Iões de lítio; 66 kWh (62 úteis)

AUTONOMIA (WLTP)                   415 Nm (551 km em cidade)

TEMPO DE CARGA                     3h a 22 kW CA (10-80%)

30 min. a 150 kW CC (10-80%)

VELOCIDADE MÁXIMA                180 km/h

ACELERAÇÃO                               3,7 s (0 a 100 km/h)

CONSUMO (WLTP)                    17,6 kWh/100 km (misto)

EMISSÕES CO2 (WLTP)            0

DIMENSÕES (C/L/A)                  4.400 / 1.844 / 1.556 mm

PNEUS                                           245/45 R20

PESO                                              1.910 kg

BAGAGEIRA                                 370-1.160 l

PREÇO                                           52.950 €

GAMA DESDE                              39.950 €

IMPOSTO DE CIRCULAÇÃO (IUC) 0 €

LANÇAMENTO                            Janeiro de 2024

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