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Teste – Dacia Bigster Journey Hybrid 155: Mais e melhor

No atual panorama automóvel, sobrecarregados de tecnologia e preços inflacionados, o maior SUV da Dacia (4,6 metros) não promete milagres – apenas espaço inteligente e o preço mais racional do segmento. Estreia a versão híbrida auto-recarregável de 155 CV, a mais avançada e eficiente da gama, uma solução que lhe assenta na perfeição!

Dacia Bigster Journey Hybrid 155

Há quem diga que tamanho não é documento. A Dacia, claramente, discorda. O novo Bigster – o nome não deixa margem para dúvidas – é um Duster que cresceu, mas não apenas em centímetros. Cresceu em ambição, em eficiência, e sobretudo naquilo que realmente importa para o cliente da marca romena: a “arte” de oferecer o essencial sem que este pareça básico.

O segredo está nas proporções. Com mais 23 centímetros que o Duster, o Bigster alonga-se sem perder o carácter robusto. Na verdade, parece até que ganhou músculo. A dianteira vertical, a grelha preta brilhante com o icónico Dacia link e os acabamentos em Starkle (um material reciclado e não pintado) reforçam a sua personalidade aventureira. Mas há detalhes que elevam o tom: o tejadilho bicolor opcional, as jantes de 19 polegadas no topo de gama e o novo Azul Indigo, uma cor metálica que acrescenta sofisticação sem perder a simplicidade.

Minimalismo com propósito

Esta filosofia de ‘menos é mais’ estende-se ao interior. Sim, há superfícies duras, dispensam-se os luxos exagerados e as tecnologias que ninguém vai usar, ficando claro que o Bigster foi pensado não para impressionar, mas para resolver problemas reais de quem vive o dia-a-dia com um carro. O painel de bordo elevado e vertical liberta espaço generoso para pernas e ombros nos lugares dianteiros, enquanto a posição de condução ligeiramente mais alta oferece uma visão desimpedida para todos os ângulos da estrada. Nos bancos traseiros, os 70 cm de espaço para as pernas (mais 3 cm que o Duster) e os 96 cm de altura livre colocam-no no topo do segmento, embora os 134 cm de largura entre portas revelem limitações quando se transportam três adultos.

Quanto ao equipamento, também serve o sentido prático. Nesta “nossa” versão Journey, o destaque vai para o cruise control adaptativo, o primeiro teto de abrir panorâmico da Dacia, com 120 cm de comprimento (abre até 35 cm), o porta-bagagens elétrico e o banco do condutor com ajustes elétricos. Já os ADAS – como travagem de emergência, alerta de mudança de faixa e reconhecimento de sinais – podem ser personalizados através da função My Safety.

O ecrã tátil Media Nav Live de 10,1″ com navegação conectada (atualizável por oito anos) e o painel digital de 10” coexistem com soluções engenhosas como o sistema YouClip – pontos de ancoragem estratégicos para tablets, cabides ou até uma lanterna de emergência. O “Organizador de Bagageira”, acessível através do mesmo ecrã central, transforma o espaço de carga numa arrumação lógica e eficiente.

A bagageira, verdadeiro trunfo do Bigster, mantém volumes generosos (546 litros) mesmo nesta versão híbrida, onde a bateria rouba apenas o estritamente necessário.

Híbrido descomplicado

A Dacia transformou a contenção de custos numa virtude. Sem o peso (literalmente) das suas complexidades técnicas, o Bigster recorre à plataforma CMF-B, partilhada com outros modelos da marca (à exceção do Spring). Nas curvas, surpreende pela compostura. A suspensão, mais firme que a do Duster, absorve as irregularidades sem transmitir desconforto excessivo aos ocupantes. Por outro lado, essa firmeza adicional trouxe um benefício claro: um controlo de massas notável para um SUV deste tamanho, especialmente em autoestrada.

Aliás, a partilha de componentes com o Duster poderia sugerir uma experiência de condução sem novidades, mas a Dacia soube onde mexer: a direção, embora leve em cidade, ganha peso progressivamente com a velocidade, oferecendo feedback suficiente para inspirar confiança. E se o Bigster nunca será um desportivo (o centro de gravidade elevado lembra-o discretamente nas curvas mais apertadas), a sua agilidade é digna de nota. A insonorização, visivelmente melhorada em relação ao Duster, é outro ponto a favor, embora os passageiros traseiros ainda detetem algum ruído residual.

Já a motorização HYBRID 155 revela a abordagem pragmática o construtor romeno à eletrificação. O coração deste sistema é um propulsor 1.8 a gasolina de 107 CV que trabalha em harmonia com dois motores elétricos – um dedicado à tração (50 CV) e outro que atua como arranque/gerador. A bateria de 1,4 kWh pode parecer modesta à primeira vista, mas revela-se perfeitamente dimensionada para o seu propósito: permitir que circule sem emissões até 80% do tempo em ambiente urbano. A caixa automática (possui quatro mudanças para o motor a combustão e duas para os elétricos, eliminando a necessidade de embraiagem) opera com discrição e sem grandes hiatos, enquanto os 9,7 segundos dos 0-100 km/h colocam-no num patamar de vivacidade surpreendente para um SUV com este tamanho… e preço.

O consumo médio de 4,6 l/100 km traduz na prática como o HYBRID 155 está à vontade no meio urbano, onde o modo elétrico brilha em silêncio e eficiência, enquanto nas autoestradas o motor térmico assume o comando. Bom compromisso.

Texto Vítor Mendes Fotos Paulo Calisto

Conclusão

O Bigster Journey Hybrid 155 não é o SUV mais luxuoso, nem o mais desportivo do seu segmento. Mas é, seguramente, um dos mais racionais. Aliás, nisso, é imbatível!

Combina espaço, eficiência e equipamento a um preço que desafia a concorrência, mantendo a essência “sem complicações” da marca.

Ficha Técnica

Dacia Bigster Journey Hybrid 155

TIPO DE MOTOR                         Gasolina, 4 cilindros em linha, atmosférico

CILINDRADA                               1.793 cm³

POTÊNCIA                                   107 CV

BINÁRIO MÁXIMO                      172 Nm

TRANSMISSÃO                            Dianteira, caixa automática multimodo

 

SISTEMA ELÉTRICO

TIPO DE MOTOR                          Dois motores elétricos (tração/gerador)

POTÊNCIA                                    49 CV/20 CV

BINÁRIO                                       205 Nm/50 Nm

BATERIA                                        Iões de lítio, 1,4 kWh, 230 V

 

SISTEMA HÍBRIDO

TIPO DE MOTOR                           Elétrico-gasolina

POTÊNCIA (TOTAL)                       155 CV

BINÁRIO (TOTAL)                          N.D.

 

VELOCIDADE MÁXIMA                180 km/h

ACELERAÇÃO                               9,7 s (0 a 100 km/h)

CONSUMO (WLTP)                      4,6 l/100 km (misto)

EMISSÕES CO2 (WLTP)               104 g/km

DIMENSÕES (C/L/A)                   4.570 / 1.813 / 1.662 mm

PNEUS                                        215/60 R18

PESO                                          1.562 kg

BAGAGEIRA                                546-1.851 l

PREÇO                                        32.500 €

GAMA DESDE                             29.150 €

I.CIRCULAÇÃO (IUC)                   221,37 €

LANÇAMENTO                           Janeiro de 2025

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