Teste – Citroën ë-C3 83 kWh MAX – Acima de tudo, sensato
Ricardo Carvalho
Várias são as marcas que têm vindo a apostar na produção de modelos de baixo custo. Exemplo disso, o novíssimo Citroën C3, que aqui testamos na sua versão 100 % elétrica. Convence em quase todos os aspetos, incluindo, claro está, no preço.
Como se tratasse de uma espécie de jogo, a Citroën continua a apostar para os seus modelos num design distinto, do tipo que surpreende, goste-se ou não. Paralelamente, “abraçou” na verdadeira aceção da palavra a moda SUV ou crossover, como é o caso deste novo utilitário C3, que tem à sua frente e que está disponível em Portugal há alguns meses.
A aposta neste modelo tem um perfil mais elétrico do que nunca, de tal forma que a primeira unidade de teste que nos “caiu” nas mãos é, isso mesmo, 100% elétrica. Uma oferta que será reforçada brevemente com outra similar, com menor autonomia e preço ainda mais baixo. De igual modo, a gama contempla versões a gasolina com 100 CV, mas também uma híbrida ligeira (com um funcionamento aproximado ao de um híbrido puro) e caixa de velocidades automática.
O “nosso” intérprete representa o topo da gama ë-C3. Como se pode ver, ostenta uma silhueta cúbica que permite tirar o máximo partido dos 4 metros da sua carroçaria. Acima de tudo é alto (1,57 metros, antes 1,47) e reclama 16,3 cm de distância ao solo, algo que, juntamente com os acessórios da carroçaria tipo as barras de tejadilho, reforça o aspeto crossover que referimos. Tudo isto é partilhado e acompanhado por um novo C3 Aircross que se assume como o autêntico SUV da gama, um segmento B quase tão grande como os representantes da classe acima, C-SUV.
Ambos os carros recorrem a uma nova e simples plataforma multienergia que o consórcio Stellantis tem vindo a implementar a muitos outros modelos, como os também novos Fiat Grande Panda e Opel Frontera. A sua versatilidade é tão grande que, como salientámos, serve igualmente tanto uma variante totalmente elétrica, com a sua correspondente e volumosa bateria, como para um SUV de boas dimensões (existem C3 Aircross e Frontera, recorde-se, com mais de 4,40 metros de comprimento, de 5 e até 7 lugares) a gasolina ou híbrido.
Desde logo é uma base bem “espremida”. No nosso protagonista são 5 lugares, sendo que a lotação ideal é de 4 ocupantes para viajarem de forma confortável, porque se os bancos da frente (largos e confortáveis) não estiverem demasiado recuados, o espaço posterior para as pernas é aceitável. E tudo com uma capacidade de bagageira de 310 litros, o que é uma boa cota para um produto com uma óbvia vocação urbana.
É certo que não é o paradigma da qualidade: o som (e a robustez) das portas a fechar é uma prova disso. No entanto, o interior está “vestido” de forma muito convincente: estofos, acabamentos, plásticos duros por todo o lado, mas bem montados… E não só, pois a ergonomia é estupenda, a começar pela posição do volante (com um punho grosso e achatado em cima e em baixo). Além disso, a geométrica silhueta do cockpit e a sua considerável superfície envidraçada, bem como o facto do condutor estar sentado um pouco mais alto, facilitam a visão para o exterior. Para completar, há uma multiplicidade de compartimentos de arrumação, um sistema multimédia simples, porém fluído e com boa resposta tátil, e uma instrumentação espartana em que se sente a falta de um computador de consumo (inexplicável num elétrico, onde é mais do que bem-vindo), assim como de um par de pegas dianteiras ou de uma luz de cortesia traseira, que não existe.
Autonomia varável
A dotação de série é muito correta, estando praticamente fechada neste topo de gama (versões elétricas a partir de 23.300 €). E o motor? Perfeito para a cidade e subúrbios sem ser um míssil: 135 km/h de velocidade máxima e 11 segundos na aceleração dos 0 aos 100 km/h.
Em termos de consumo de energia, fizemos 316 km com 100% da bateria (anuncia 320 km), mas alternando entre cidade e arredores não é fácil conseguir mais do que 250-270 km; calcula uma média de 18 kWh/100 km reais, um valor algo elevado.
Texto E. Cano
Fotos Paulo Calisto
CONCLUSÃO
Moderno ainda que sem floreados: tem tudo o que se pode pedir a um carro citadino para todos os fins, é versátil e razoavelmente capaz para 4 metros de carroçaria. Esta mecânica elétrica é suficientemente ágil e eficiente na cidade, mas sofre (leia-se aumenta o consumo) quando se abordam vias periféricas. Em breve iremos testar os novos C3 a gasolina, tão ou mais prometedores…
FICHA TÉCNICA CITROËN Ë-C3 83 KW MAX
TIPO DE MOTOR Elétrico, síncrono de íman permanente