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Teste – BMW i4 eDrive 35 Gran Coupé – Mundos paralelos

Parece um Série 4 Gran Coupé e, na verdade, é. Mas com a sua bateria e motor elétrico, este i4 muda por completo a forma de chegar à classe Premium.

Eis o teste completo à nova versão de entrada do modelo da marca bávara, que apresenta excelente qualidades e um consumo moderado.

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Com três SUV elétricos (iX1, iX3 e iX) e outras tantas berlinas elétricas (i4, i5 e i7), a BMW enfrenta um novo desafio “emissões zero”, até porque está muito bem posicionada no mercado. Neste momento tem os trabalhos de casa todos feitos e é precisamente aqui que surge a versão de acesso do BMW  i4.
Falamos na combinação mais barata ou, se se preferir, a menos cara da gama, porque por esta versão será preciso, ainda assim, pagar 56 900 euros. Preço de gama Premium para um i4 eDrive35 Gran Coupé, que ataca o segmento médio (tem o Tesla Model 3 como referência) e que à vista desarmada pode muito bem passar por um Série 4 Gran Coupé. Na essência, e no formato, são praticamente o mesmo carro. As dimensões são iguais, diferenciando-se na altura 6 mm superior. Depois surgem pequenos detalhes em azul, nas laterais, rebordo dos rins da grelha e contorno dos escapes, que nos dizem que esta é a versão elétrica e que estes pormenores a distinguem do seu primo térmico com motores de combustão.

A gama

O i4 começou a sua carreira (foi lançado em 2022) com duas opções de motor: i4 M50 (544 CV e tração integral) e i4 eDrive40 (340 CV e tração traseira). A estes dois, juntou-se este ano o i4 eDrive 35, e tal como o 40, é de propulsão e conta com um só motor elétrico no eixo traseiro. Neste caso conforma-se com 286 CV e 400 Nm de binário, mas com outra diferença importante face aos seus irmãos de gama: dispõe de uma bateria mais pequena, de 70,2 kWh de capacidade bruta, face à de 83,9 kWh dos outros dois.
A partir daqui sobressai mais um dado de relevo: a autonomia, a mais pequena da gama, mas que ainda assim se movimenta num leque razoável, entre os 406 e os 482 km (valores anunciados pela marca e cuja variação tem a ver com os níveis de equipamento). Da mesma forma, a potência de carregamento rápido em corrente contínua baixa ligeiramente, de 200 kW para 180 (32 minutos de 10 a 80%), enquanto em corrente alterna se mantém nos 11 kW (cheio em 7 horas).
Sendo honestos com o leitor, para nós a melhor combinação seria, de facto, esta opção eDrive35 com a bateria maior, o que não existe, porque a potência, essa, é mais do que suficiente. Ultimamente vêem-se muitos construtores com potências tresloucadas para os seus elétricos, contudo para modelos que oferecem o binário máximo de forma quase instantânea face aos motores térmicos. Não é preciso tanto. Aqui, por exemplo, os 286 CV passam com nota positiva: a aceleração é excelente (6 segundos dos 0 aos 100 km/h) e o arranque mantém-se em bom nível a velocidades altas e médias.A tração, a partir do eixo traseiro, é totalmente controlada pela eletrónica e, a não ser que o condutor desative as ajudas, o i4 eDrive35 fica sempre muito contido.

Peso bem dividido

O comportamento dinâmico é idêntico ao de um Série 4 Gran Coupé, com o sempre importante parêntesis que soma 400 kg em relação, por exemplo, a um 420i. Num andamento normal é difícil perceber esta circunstância, mas ao subir de ritmo ou a passar por lombas e ondulações da estrada, a carroçaria demora mais tempo para acompanhar o movimento.
Nada muito preocupante, porque a dinâmica deste modelo é excelente, tal como a estabilidade e confiança que transmite ao volante, estabelecendo uma melhoria muito percetível face a outros elétricos, como os SUV que tanto proliferaram nos últimos tempos. Convém não esquecer que estas berlina (mais propriamente este i4), dão uma impressão bem mais positiva na hora de abordar o consumo. De acordo com as nossas medições, fomos surpreendidos pelo consumo em vias mais rápidas e a velocidades mais elevadas, precisamente onde um elétrico mais sofre. Este alemão, com médias reais de 17 kWh/100 km (tiremos duas décimas em ambiente urbano e juntamos mais uma em autoestrada), faz pensar que rolando com uma autonomia efetiva, deverá permitir percorrer cerca de 400 km. Na BMW é possível consultar o consumo da unidade desde a fábrica, e esta indicava 16,7 kWh/100 km nos seus 1900 km de vida. Um valor bem interessante, tendo em conta todas as mãos que o conduziram desde o início e em teste sucessivos.
Para além do consumo, a condução do i4 não nos deixa esquecer que este é um automóvel elétrico. Por exemplo, dispõe de uma função para emitir um ruído artificial (existem níveis Sport e Comfort), e possibilita ainda ajustar a direção e entrega da força do motor ou até mesmo escolher o modo Eco Pro para maximizar o alcance. Tudo bem acompanhado por um bom tato dos pedais, mas com um handicap na hora de intervir na regeneração da energia ao soltar o acelerador.


Faltam as patilhas

Sobre este handicap, o facto de não ter patilhas no volante, apenas permite modificar a regeneração através do ecrã, pouco prático para utilizar com frequência. Propõe as recuperações baixa, moderada, alta e adaptativa. A última tem em conta o tipo de piso onde se encontra para travar automaticamente, mas acaba por provocar mais imprecisão quando o condutor quer ajudar à mesma detenção utilizando o pedal.
Mas o i4 também se destaca do Série 4 Gran Coupé em outros aspetos. O infotainment adota um sistema operativo de última geração, BMW Curved Display (dois grandes ecrãs corridos) e multimédia de qualidade soberba e muito completo (logicamente requer algum tempo para o conhecermos a fundo), ainda que agora a climatização esteja integrada no mesmo ecrã, logo é menos intuitivo.
Mas há mais: se o espaço não sobra nos lugares traseiros do Série 4, onde é apenas correto, o i4 acrescenta a condicionante de limitar ainda mais a distância do solo ao assento do banco. Resultado: as pernas não se apoiam completamente na base e os joelhos viajam num patamar mais elevado. Mas, no i4 vai divertir-se mais ao volante do que como passageiro.

Texto Juan Pablo Esteban
Fotos Paulo Calisto

Conclusão

A dinâmica é de topo e, sobretudo, um oferece consumo elétrico muito contido, sem perder em prestações, que são de grande nível. Se considerarmos que um 420i Gran Coupé de 184 CV custa menos 2300 euros, dá que pensar. O menos convincente são os lugares traseiros.

FICHA TÉCNICA

BMW I4 EDRIVE35

TIPO DE MOTOR                     Elétrico, síncrono de íman permanente

POTÊNCIA                              286 CV (210 kW)

BINÁRIO MÁXIMO                  400 Nm

TRANSMISSÃO                       Traseira, caixa automática de relação única

BATERIA                                 Iões de lítio, 70,2 kWh (67 úteis)

AUTONOMIA (WLTP)             406-482 km

TEMPO DE CARGA                  7h a 11 kW AC (0-100%)

32 min. a 180 kW CC (10-80%)

VELOCIDADE MÁXIMA 190 km/h

ACELERAÇÃO                          6,0 s (0 a 100 km/h)

CONSUMO (WLTP)                 15,8-18,7 kWh/100 km (misto)

EMISSÕES CO2 (WLTP)          0 g/km

DIMENSÕES (C/L/A)               4.783 / 1.852 / 1.448 mm

PNEUS                                    225/55 R17

PESO                                       2.065 kg

BAGAGEIRA                            470-1.290 l

PREÇO                                    56.900 €

GAMA DESDE                         56.900 €

IMPOSTO DE CIRCULAÇÃO (IUC) 0 €

LANÇAMENTO                        Julho de 2023

 

 

 

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