Revistacarros

Porsche trava a fundo nos carros elétricos. E agora?

Porsche trava

A transição para o elétrico, que parecia uma estrada sem curvas para as marcas automóveis, está a revelar-se cheia de buracos. Perante um mercado europeu em águas de bacalhau, uma procura mais contida e uma guerra de taxas alfandegárias, o otimismo inicial deu lugar a uma realidade mais dura. E a Porsche é um dos casos mais flagrantes.

A marca desportiva alemã, sinónimo de performance e exclusividade, viu as suas ações sofrerem a maior quebra desde 2022 após uma série de anúncios que revelam uma mudança de estratégia profunda. O principal sinal de alarme? O novo Macan 100% elétrico não está a conquistar os clientes como esperado.

Mudança de rumo: O plano elétrico é adiado
A ambição era clara: até 2030, quase toda a linha Porsche seria elétrica, salvaguardando o icónico 911. A aposta começou com o aclamado Taycan, um sucesso de imagem, e culminou com o lançamento da nova geração do Macan já apenas como elétrico. No entanto, o público não correspondeu.

A resposta da fábrica de Stuttgart foi rápida. Os planos para lançar novas versões elétricas dos modelos 718 Cayman e Boxster, bem como do grandioso SUV K1, foram congelados. Em vez disso, a solução passará por desenvolver alternativas com motores de combustão e híbridos para estes futuros modelos, um verdadeiro “plano B” que ninguém esperava tão cedo.

As contas que não fecham
Esta reviravolta estratégica tem um preço elevadíssimo: um buraco de 1.800 milhões de euros nos resultados operacionais e uma queda de 9,3% no valor das ações só esta semana. Para piorar a situação, a marca reviu em baixa as suas previsões de lucro pelo quarto vez este ano.

A conclusão é que a Porsche se antecipou demasiado. A sua estratégia elétrica, considerada por muitos como agressiva, esbarrou na relutância dos compradores de luxo em abraçar a tecnologia e na feroz concorrência chinesa, um mercado crucial onde a marca perdeu terreno. A isto junta-se a ameaça dos novos impostos alfandegários de Trump, criando uma tempestade perfeita.

No centro do furacão está o CEO Oliver Blume, que lidera simultaneamente a Porsche e o Grupo Volkswagen. A sua liderança está sob escrutínio, com pressões para que se demita. A lição fica clara: numa gama tão pequena e icónica como a da Porsche, cada movimento tem um impacto enorme. E, por vezes, dar marcha-atrás numa curva sai mais caro do que se previa.

Exit mobile version