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Volkswagen vende mais salsichas do que carros. Sabia?

Esqueça o Golf GTI, os SUV elétricos e os concept cars em realidade aumentada: o produto Volkswagen que hoje bate todos os recordes não tem bateria, ecrã XXL nem rodas.

Volkswagen

Cabe num saco plástico, estala trinta segundos no micro-ondas e é saboreado em três dentadas. Aqui está a “Volkswagen Original Currywurst”, ícone dos operários das linhas de produção de Wolfsburg desde 1973, agora pronta para invadir as prateleiras dos supermercados aos sábados. Com 8,55 milhões de salsichas vendidas em 2024 – mais do que os 5,2 milhões de carros com o emblema VW –, este snack mítico deixa o seu reduto na Baixa Saxónia para se juntar ao presunto e aos iogurtes. Sim: a partir deste verão, se estiver de férias na Alemanha, poderá escrever “Volkswagen” na sua lista de compras.

No imenso catálogo interno do fabricante, a Currywurst tem um número de referência – 199 398 500 A – igual ao de um pára-choques de Golf. Originalmente concebida para saciar os trabalhadores, esta salsicha fumada, coberta com ketchup de caril caseiro, rapidamente ultrapassou as portas da fábrica: os visitantes saíam com tabuleiros, convertendo a vizinhança ao “sabor VW”.

Cinquenta anos depois, o produto culinário está prestes a tornar-se um artigo de consumo em massa, com a marca Originalteil, tal como qualquer embraiagem de Passat.
Os números são impressionantes: 6,317 milhões de Currywurst “clássicas” e 2,18 milhões de versões hot-dog foram vendidas no ano passado, ou seja, 8,55 milhões de unidades – um recorde absoluto.

Antes, só era possível comprá-las congeladas, em algumas lojas no interior da Baixa Saxónia, o estado natal do fabricante. Eram como um tesouro regional que era transmitido entre fãs da engenharia alemã e apreciadores de comida gordurosa.

Mas agora, a Volkswagen tomou uma grande decisão: a currywurst chegará aos supermercados. Em versão para micro-ondas, pronta para despertar o paladar. Na Netto, na Edeka, inicialmente no norte e leste do país, antes de conquistar toda a Alemanha. Afinal, por que não, se isso pode ajudar a marca a ganhar dinheiro?

No entanto, a estrela charcutaria da marca esteve à beira da extinção em 2021: uma cantina piloto quis livrar-se da salsicha. O alvoroço foi imediato: o ex-chanceler Gerhard Schröder, grande apreciador da especialidade, entrou em cena e, sob pressão da imprensa, a direção reintroduziu a salsicha em 2023. Desde então, as vendas não pararam de subir, prova de que não se brinca com as tradições da Baixa Saxónia

A chegada ao grande retalho é apenas uma etapa. As equipas de I&D da Volkswagen já estão a trabalhar numa versão biológica, uma alternativa vegetal à base de proteínas de ervilha, e até numa embalagem conectada que contará a história da fábrica através de um código QR.

Depois de democratizar o carro do povo, será que a Volkswagen sonha em criar a salsicha do povo? Uma certeza: nos contas de 2025, as bandejas de wurst poderão absorver parte dos custos relacionados com a eletrificação acelerada do catálogo.

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