Em 1900, muito antes de fundar a marca que leva o seu nome, um jovem Ferdinand Porsche desenhou aquela que é considerada a primeira viatura elétrica com “range extender” da história – uma solução tecnológica que só recentemente regressou aos holofotes da indústria automóvel.
O projeto, desenvolvido enquanto Porsche trabalhava para a austríaca Lohner, surgiu como uma evolução dos seus primeiros protótipos elétricos. Estes modelos, já inovadores por incluírem motores nas rodas e travões nas quatro rodas, esbarravam na limitação das baterias da época, que ofereciam uma autonomia de apenas 50 km.
Para resolver o problema, Porsche concebeu uma solução engenhosa: acoplou um motor a gasolina que funcionava exclusivamente como gerador, carregando constantemente a bateria para prolongar a autonomia. Este sistema, exactamente com a mesma função dos atuais “range extenders” em elétricos modernos, multiplicava a autonomia da viatura, tornando-a prática para a época.
O veículo, designado Lohner-Porsche Mixte, foi produzido em cerca de 300 unidades, nas mais variadas configurações – incluindo versões de tração traseira, tração integral e até modelos de carga. Apesar de nenhum dos originais ter sobrevivido até aos nossos dias, a Porsche recriou meticulosamente um exemplar que está hoje em exposição no museu da marca em Estugarda.
A história serve como um poderoso lembrete de que a mobilidade elétrica, longe de ser uma novidade do século XXI, tem raízes profundas na história automóvel – e que a genialidade de Porsche estava, de facto, décadas à frente do seu tempo.
Ler ainda: