Revistacarros

Enjoos estão a aumentar em carros novos. Estudos apontam o motivo

enjoos

Mais enjoos: estudos revelam que estão a aumentar os relatos de passageiros enjoados em viagens de automóvel. E a culpa é dos elétricos! 

A transição para a mobilidade elétrica traz consigo uma série de vantagens, mas também um desafio inesperado para muitos passageiros: o aumento dos enjoos. Se nota que as viagens em veículos elétricos lhe provocam mais mal-estar, saiba que existe uma razão científica para isso e que não está sozinho.

Um ambiente sensorial desconhecido
A experiência de andar num carro elétrico é radicalmente diferente da de um veículo com motor de combustão. Ao longo da vida, o nosso cérebro criou uma “memória sensorial” baseada nos tradicionais sinais automóveis: o ruário do motor, as vibrações específicas e a resposta mecânica aos pedais. Estes sinais funcionavam como um sistema de alerta, permitindo ao cérebro antecipar acelerações, travagens e mudanças de direção.

Num carro elétrico, este mapa sensorial desaparece. A ausência do ruído do motor elimina um dos principais avisos sonoros, e a aceleração silenciosa e instantânea apanha o nosso sistema de equilíbrio desprevenido.

Os principais culpados: aceleração e travagem regenerativa
Dois aspetos técnicos dos elétricos são os grandes responsáveis pelo mal-estar:

-Aceleração Instantânea: O binário disponível imediatamente provoca uma aceleração linear e potente, mas sem os sinais auditivos e vibratórios a que os passageiros estavam habituados. O corpo sente o movimento sem estar devidamente preparado para ele.

-Travagem Regenerativa: Este sistema, que carrega a bateria ao desacelerar, actua de forma mais suave e prolongada do que uma travagem convencional. Muitas vezes, o carro abranda significativamente assim que se levanta o pé do acelerador, sem que o travão seja accionado e sem a luz de stop se acender imediatamente. Esta desaceleração subtil e contínua é um dos principais fatores para o enjoo, pois é altamente imprevisível para os passageiros.

Condutor vs. Passageiro: uma experiência diferente
É raro o condutor sentir estes sintomas. A razão é simples: quem conduz tem controlo consciente sobre as manobras. O cérebro do condutor comanda a aceleração e a travagem, pelo que está sempre a antever o movimento. Já os passageiros, sobretudo os que vão nos bancos traseiros com menor campo de visão da estrada, são sujeitos passivos destas forças. Sem previsibilidade, o conflito sensorial entre o que os olhos veem e o que o corpo sente é maior, levando ao enjoo.

A boa notícia: o cérebro vai adaptar-se
A plasticidade do cérebro humano é a chave para a solução. A exposição repetida a este novo ambiente de movimento força a criação de novos padrões neurológicos. Com o tempo, o cérebro aprende a reconhecer e a prever o comportamento dinâmico de um veículo elétrico, levando a uma habituação progressiva. Por outras palavras, é provável que a tendência para enjoos diminua à medida que se for ganhando experiência como passageiro nesta nova forma de mobilidade.

A eletrificação não é só uma mudança de motor; é uma mudança de experiência. E o nosso corpo, com tempo e paciência, aprenderá a apreciá-la de forma mais confortável.

Ler ainda:

Apple chinesa dos aspiradores vai produzir carros. E que carros!

Exit mobile version